segunda-feira, 30 de março de 2015

"Adeus à Linguagem" - Godard.

1) Como estranhar meu próprio reflexo no espelho a ponto de perceber nele um personagem?
   - Preso em seu próprio corpo.
   - Há mais em mim, que numa cerca em aparente jardim.
   - Com o vapor do mar e oceano me umedeço.
   - Com a luz do Sol me aqueço.
   - Só colha-me em safras e me entristeço.
   - Há um rio subterrâneo abaixo do meu crânio.
   - Animais que me habitam são meus amos, mas, com o planeta terra aprofundamos.

   O simplório caipira chega, é um migrante, sazonal. Ocupa um porão de casa abandonada, para dormir.
    O citadino trancafia, aquele porão, por desconhecer o fluxo migratório, da colheita agrícola. O que sente? Quem age assim, reativamente, pra proteção de sua própria família, em casa vizinha?
    Ao compartilhar sua contradição é, ele, aparteado por uma postura de gabinete: - “... Mas, ele tinha autorização para ali pernoitar?”
    O hábito não respeitado, no Brasil, se contrapõe na América do Sul, onde o camponês pernoita no banco da praça, no Chile, sem ser incomodado.
    Como legitimar o hábito – de ver-se no outro? Através da Cultura, com menos de 1% do orçamento em seus três níveis públicos? Na estranheza de um livro, na escola, ou no clichê da televisão?

2) Que imagem do dia que, decorrido, não contém nenhuma palavra que se fixe em minha mente, no instante que vou dormir?
A marola da embarcação maior na menor submete a minoria. Como refluí-la solidariamente?

3) Como escrever um texto com imagem assim?

balança o mar –
de motor ligado
lancha rasga a rede

4) ... Se paro no meio do dia meu afazer (guerra), para olhar as nuvens - “as maravilhosas nuvens”, e percebo nelas imagens, o começo da arte - pintura, cinema ou literatura, estará nisso? Como?
Tiro à Nuvem. O tiro projeta a bala que, liberta do cano do revolver, risca o céu desfazendo a nuvem.

5) Escrever três páginas imaginando diálogos entre as nuvens.
- Você sempre vem aqui, nuvem branquinha?
- Na sua ausência, sim, nuvem pretinha.
- O contraste é poético e, por isso, faça-se poesia comparecendo em dias carregados de chuvas, minha branquinha.
- Qual o ganho, minha pretinha, com tal prestigiosa presença, minha, em sua orquestrada tempestade?
- Poderá ver quanto os pássaros fogem, de minha chuva, coisa que você não faz – assustar os passarinhos...
- Em minha presença suas asas são secas, pra alçarem voo mesmo na chuva.
- Eu queria aprender a voar com sua leveza, branquinha e, depois de descarregar toda água, poderei praticar, tal voo de passarinho, com você.
- Os passarinhos que comem insetos estão com fome, com a fumacinha contra o mosquito da dengue.
- ... Mas, essa fumacinha branca - contra mosquito, não é leve como você e voa, livre, com os pássaros?
- Ela desengordura suas penas, que retém, por isso, a água da chuva – que você descarrega, e isso pesa, tirando dela a “voabilidade”.
- Então você branquinha, ao penetrar nas asas do passarinho, tira dele sua maior qualidade – leveza pra voar?
- Somos nuvens branquinhas, mas, com conteúdos e qualidades diferentes.

6) ... Se entro em um ônibus lotado e as pessoas que estiverem em silêncio: como devo imaginar aquilo que poderia ser visto por elas? Escolher uma dessas pessoas e escrever uma página com essa voz.
- Motorista conivente, usuário descontente.
- Tenho os pés voltados pra frente, mas, se tivesse, como o Curupira, voltados pra trás, o espelho do motorista não estamparia o sorriso malicioso em cada uma de suas brecadas. Ele achou o breque, mas, perdeu a paciência.
- Eu continuo com a paciência, mas, não acho o breque pra tamanho descalabro.


7) Pesquisar um homônimo meu e tentar saber algo sobre ele. ... Se isso ausente, no Google, imaginar um duplo.
Ricardo Rutigliano Roque – poeta.

8) Como escrever sobre o nada – uma cena onde nada acontece, onde nada é dito ou pensado?


balança o galho –
de bico fechado
gavião rasga o céu

Gestar após consumar, consumar após amar, amar após se apaixonar, se apaixonar após conhecer, conhecer após conversar, conversar após ouvir, ouvir o que foi gestado.
O vácuo está presente, silente, na ausência do ar que foi expulso, dali, mecanicamente pra fora da cavidade, que tem paredes forradas por mucosa, que se anima a ocupar, aquele, espaço deixado. Forma cistos, com contido líquido, organizado e fibrosado e, esses, passam à cavidade contígua, por onde deveria entrar o ar e sair o muco – antes líquido. Há presença de massa, assemelhada à uva em cachos pálidos, que querem ganhar o meio externo.
Ausente pressão na cavidade.
Presente mecânica da completude humana.
Não há vazio que não seja preenchido. Não há ausência natural que não seja ocupada pelo vazio.
Vazio, sempre preenchido estará, basta o existir!
 

sábado, 28 de março de 2015

11. O Nada.

   Gestar após consumar, consumar após amar, amar após se apaixonar, se apaixonar após conhecer, conhecer após conversar, conversar após ouvir, ouvir o que foi gestado.
   O vácuo está presente, silente, na ausência do ar que foi expulso, dali, mecanicamente pra fora da cavidade, que tem paredes forradas por mucosa, que se anima a ocupar, aquele, espaço deixado. Forma cistos, com contido líquido, organizado e fibrosado e, esses, passam à cavidade contígua, por onde deveria entrar o ar e sair o muco – antes líquido. Há presença de massa, assemelhada à uva em cachos pálidos, que querem ganhar o meio externo.
   Ausente pressão na cavidade.
   Presente mecânica da completude humana.
   Não há ausência natural que não seja ocupada pelo vazio.
   Não há vazio que não seja preenchido.
   Vazio, sempre preenchido estará, basta o existir.

10. Motorista.

   - Motorista conivente, usuário descontente.
   - Tenho os pés voltados pra frente, mas, se tivesse, como o Curupira, voltados pra trás, o espelho do motorista não estamparia o sorriso malicioso em cada uma de suas brecadas. Ele achou o breque, mas, perdeu a paciência.
   - Eu continuo com a paciência, mas, não acho o breque pra tamanho descalabro.

9. Tiro a Fumaça.

   - Tiro projetado, liberta o cano do revolver, risca o céu desfaz a fumaça, desloca o ar que queima.
   - Combustão, da vida que não para.
   - Para, no vácuo provocado, incombustível.

8. Caiçara.

   - A marola da embarcação maior bate na menor, submete a maioria.
   - Como refluí-la solidariamente?

7. Caipira.

   - Venho colher o fruto semeado.
   - Mas não tem medo, de ser catado, enquanto dorme fora de casa? 
   O simplório caipira é um migrante, sazonal. Ocupa um porão de casa abandonada, para dormir. 
   O citadino trancafia de dia, aquele porão vazio, por desconhecer o fluxo migratório, da colheita agrícola. O que sente? Quem age assim, reativamente, pra proteção de sua própria família, em casa vizinha?
   Ao compartilhar sua contradição é, ele, aparteado por uma postura de gabinete: 
   - “... Mas, ele tinha autorização para ali pernoitar?" 
   O hábito não respeitado, no Brasil, se contrapõe na América do Sul, onde o camponês pernoita no banco da praça, no Chile, sem ser incomodado. 
   Como legitimar o hábito – de ver-se no outro? Através da Cultura, com menos de 1% do orçamento em seus três níveis públicos? Na estranheza de um livro, na escola, ou no clichê da televisão?

6. Que nuvem...

   - Você sempre vem aqui, nuvem branquinha?
   - Na sua ausência, sim, nuvem pretinha.
   - O contraste é poético e, por isso, faça-se poesia comparecendo em dias carregados de chuva, minha branquinha.
   - Qual o ganho, minha pretinha, com tal prestigiosa presença, minha, em sua orquestrada tempestade?
   - Poderá ver quanto os pássaros fogem, de minha chuva, coisa que você não faz – assustar os passarinhos...
   - Em minha presença suas asas são secas, pra alçarem voo mesmo na chuva.
   - Eu queria aprender a voar com sua leveza, branquinha e, depois de descarregar toda água, poder praticar, tal voo de passarinho, com você.
   - Os passarinhos que comem insetos estão com fome, com a fumacinha contra o mosquito da dengue.
   - ... Mas, essa fumacinha branca - contra mosquito, não é leve como você e voa, livre, com os pássaros?
   - Ela desengordura suas penas, que retém, por isso, a água da chuva – que você descarrega, e isso pesa, tirando dela a “voabilidade”.
   - Então você branquinha, ao penetrar nas asas do passarinho, tira dele sua maior qualidade – leveza pra voar?
   - Somos nuvens branquinhas, mas, com conteúdos e qualidades diferentes.

5. Gavião.

balança o galho –
de bico fechado
gavião rasga o céu

   O partido mais antigo aparece, em alvoroço, em desconforto interno, com a convivência forçada entre seus contentes e descontentes, com o governo executivo federal, quando os primeiros - contentes, obstados ficaram de pular fora, por falta de janela, de dentro da casa partidária, do principal partido de apoio ao atual governo, para a casa de prometido amante mais novo partido. 
   O lençol não alcançou tal janela, e esfacelada ao chão ficou, essa tentativa - ao menos institucional, por estar fora, essa troca, de calendário. O amante - ministro desse governo, fica desejado e o presidente da caâmara federal como marido traído, então o antigo joga a culpa nesse governo - padrinho de tal união amasiada forçada por falta de divórcio consensual, pra tentar unir, internamente, já que terá uma convivência indigesta - permanência dos fiéis com os nem tanto fiéis, assim...
   Aquele que se apresentou - pós Collor, como ético - PSDB, não é tratado sob suspeição de alguma imoralidade - "não julgueis para não ser julgado"... Já aquele - PT, que teve o caçador de marajá como adversário político e, por isso, reagiu, assim, ao pautar sua plataforma na moralidade elencada, é alvo nessa ótica.

4. Correr Atrás do Próprio Rabo.

   - Reclamar da reclamação é igual cachorro ao correr atrás do próprio rabo, só que aqui entre as pernas, por perda de monopólio em defensa da xangrilá, da moralidade, perdida, por inépcia de 500 anos.
   - Resgatar o ego ao ostentar camisa da CBF, que desestruturou a pátria de chuteiras, em busca de rentismo, é exemplo de defesa de uma rua sem política pública. 
   - O déficit social deixado, nos 5 séculos citados acima, é enorme, mas, tal repercussão "tem que ser feita na senzala e longe, do caminho", do senhorio que quer ostentar o sorriso, patrimonialista, agora estragado para um clouse da mídia comprada. 
   - Ah, vá!

3. Orelhas à Panela.

   - Frágil uso de ambiente, externo, da rua para regozijo, fugaz, da oposição.
   - Consistente acuidade está no servir à rua, ao construir ferramenta capaz - política pública, para plantar, em defesa da moeda, subsidiado preço de combustível e energia elétrica, estratégia agora insustentável.
   - Simples o motivo... O resultado deveria ser obtido, com colhida estabilidade monetária, na exportação de bens duráveis, mas fica na exportação de produto primário, como o mineral não trabalhado, ao invés de manufatura-lo – a exemplo desse mesmo mineral usado na fabricação de aviões.
   - Bem vinda seria uma resistência da indústria nacional, alimentada por criatividade, em ambiente de excelência, desde a universidade daqui – nesse exemplo na de São José dos Campos, mas, que é entregue, como todo parque industrial, em troca de rentismo - aplicação do dinheiro obtido em sua venda, nesse curto prazo, aos conglomerados estrangeiros.
   - Esse mesmo rentismo está em busca de nossa Petrobras...
   - Combater corrupção com camiseta da CBF demonstra um seguir o líder que tem casa na América do Norte e comandava nosso patrimônio entregando nossos melhores trabalhadores ao futebol estrangeiro.
   "Mickey" - com minhas orelhas grandes, ao ouvir o "Pateta" - com suas panelas.
   - Nessa coelhada de Cebolinha - oposição, em Mônica - governo, por falta de Anjinho - empresário com indústria nacional, e sobra de Cascão - contrabando, sonegação e corrupção, o Chico Bento - movimento social institucionalizado, está pra entrar em campo, pra zerar a partida, pelo visto.

2. Folha Nova.

   - Descompensado?
   - Enganei minha criança!
   - Quando?
   - Quando falei: vou às férias, mas, a usei pra escrever um romance, este de tamanho suficiente, pensei, mas, o edital pedia maior; refleti: estou aposentado: a certidão de tempo de contribuição não saiu; retruquei: tenho direito a licença prêmio e requeri: só sairá no final do mês; voltei a trabalhar ao avisar meu retorno um dia antes e, na espera com o carro à porta, em presumida usência de alguém pra atender: tinha quatro pessoas e perdi a janelinha de carona em carro de passeio.
   - É!?
   - Sim... Recebi visita em casa e, escutei da convidada em pleno domingo: não suporto pessoa mole. Minha criança enganada poderá virar um adolescente rebelde que descompensado poderá aprontar alguma. Fico tenso com a perspectiva, de jogar a culpa em alguém, ao pensar, que ela é que está me devendo um docinho!
   - Pra gestão... Vital é a aliança com adversários, ao governar pra todos... Com lealdade dos pares, a seu lado ! Há testemunho na Folha de S.Paulo, em comemoração a ato heróico de 50 anos atrás, de bombardeio à nuvem carregada pra fazer chover, em avião pilotado (acima dos predios de Higienópolis supostamente) em combate à seca da represa de Sampa, por funcionário do D.A.E. – Departamento de Água e Esgoto, Com a terceirização qual funcionário se sentiria prevaricador se não agisse, assim, heroicamente? O (a) medíocre faz escola, quando o faz pensar, tal e qual ele (a), apenas e tão somente, em seus próprios sentimentos - aqui ao impor "cuidado " e ao pedir "o seu endereço" físico, em debate de ideias para o que bastaria o endereço virtual, o que caracteriza assédio moral!
   - Justamente no "Dia INTERNACIONAL da Mulher" me aparecem duas apátridas posturas, por falta de assistir o filme "Fonte das Mulheres", né!? Abraço - o por sua integridade e pra dar um xô pra lá à tamanha parcialidade umbilical masculinizada - só umbigo com fluxo de mão única, e com as mamas invaginadas.
   - Medíocre é pensar, apenas e tão somente, em seu sentimento. Há riqueza de espírito e, sim, a consequência progride em direção àquele - tornado cidadão! Dá enfado discutir pessoas...
   - Quem achar obviedade moral uma chata abordagem fique, por favor, como está. Malfadadas posturas... Parece ser arirmética a medição - notória, mas, estando longe de votação fazem um BBB, com uma réguea pra medir corruptos e corruptores com facção nominada, e outra pra, até aqui, inominada, que força fechamento da abertura... Qual será o motivo? Quer um "papai" - oposição ou ditadura, comprometido até os fios de cabelo pra ficar com a "mamãe" - democracia. Ah, vá!
   - Devoração de peixe verso, nesse momento cantas vós, alquimia de vento quente. Jogas rede, mas salgas lá, ao sol, quadripé de bambu, me tragas num quase balaio. Em resto de peixe poema, devoção em vossa boca, lançado em brisamar só
   - O seu "?" é foice e assim como seu "!" é porrete, em sua abordagem biologizante insuficiente.
   - A corrupção é o que mais mata crianças no Brasil e os detentores de maior valor monetário criam, ao sonegarem, a seguinte situação, esdrúxula por falta de Cultura: dão notoriedade a um salvador delas - pediatra, como "corrupto" - exterminador da esperança, e sucesso ao vice dele na prefeitura de Ribeirão Preto - um jogador de bola. Há contradição nisso, mas, o simplismo obinubila tal percepção.
   - Longe dessa polarização, perigosa à democracia, entre sonegação - 25 vezes maior que a corrupção, sigo com percepção, solidária, de crianças vitimadas por falta de recurso em saúde pública... E você?

1. Brucutus.

   No último dia de aproximação com aquela árvore ele a abraçou. A descascava para isso: poder abraçá-la? Debaixo de cada casquinha havia um inseto, que cedia lugar àquele abraço.
   - Melhor será pegar a pipa, sobre a árvore, meu neto. Subirei com essas pernas, descansadas em cadeira de praia. Fazer outra, com minhas mãos cansadas de trabalhar, pra que?
   - Subir no tronco e chegar aos galhos nos fará brincantes.
   - A pipa voltará a voar, livre no céu, presa às mãos dele por linha longa de algodão, que de tão pequena experiência a fez pousar, aqui, nas folhas.
   Deitado sobre uma cama de hospital, um avô de porte atlético, bronzeado e olhar vivaz.
   - Deixa eu aspirar suas secreções e trocar a cânula do traqueostoma. Você está com secreção na traqueia.
   Dirige olhar, de baixo para cima, que torna, longe de obtusa, a aproximação encorajada.
   - Subi na árvore, de onde, com o spray do ar quente do asfalto, a pipa de meu neto flambou.
   Embute perceptível querer caminhar, novamente naquele chão, do jeito que está, pelo simples heroísmo vivido para o seu neto.
   - Abra a janela e coloque uma linha, na minha mão, com uma pipa na ponta.
   - Faça isso hoje, por favor, na hora da visita, esta que é, proibida a meu neto, pois apenas amanhã eu morrerei. Servirá pra testemunho de vitória da vida.
   Perdeu-se, em uma troca de palavras e de cânula, a noção do tempo gasto, em que foi desconectado o aparelho de respiração mecânica. Era do segundo para o terceiro dia, de pós-operatório, quando há indicação, absoluta, de tal troca.
   Para ele falar era necessário o tampar, com os dedos do cirurgião, de orifício da nova cânula, para que o ar subisse às pregas vocais e, modulado, subisse à boca.
   Um piiiiiiiiiiiiiiiiii contínuo invadiu a sala do CTI – Centro de Terapia Intensiva. O paciente não voltou a apresentar os sinais vitais.
   - Você debita, o infortúnio dessa morte, em meu ato técnico?
   - Fique tranquilo, pois estava por um fio, com os rins sem funcionar e o coração sobrecarregado - disse o médico intensivista ao cirurgião.
   - Preso em seu próprio corpo, terá três minutos, para dar-se conta do ocorrido, esse paciente. O que estará passando por sua memória?
   - Recém chegado, em colorida estação – Flor de Primavera.
   - Há mais em mim, Dionísio, que numa cerca em aparente jardim.
   Esse cargo alcançado é, de prefeito, que me cobre de brumas e impede aparição da essência, ou esta essência é que tornará perceptível, em dialética, meu afeto?
   - Com o vapor do mar e oceano, Poseidon, me umedeço.
   Eu sou o mar, nutrido pela correnteza do oceano familiar, ou sou o próprio oceano, que nutre o mar familiar? 
   - Com a luz do Sol, Apolo, me aqueço.
   A espera por meu neto é que me dá esperança de sair dessa cama.
   - Só colha-me, Deméter, em safras e me entristeço.
   A paraplegia me deixa passivo, à espera de minha mulher, mas pra trocas plenas.
   - Há um rio subterrâneo, Jung, abaixo do meu crânio.
   Minha verdadeira aspiração é, aquela a ser levada, pro meu neto.
   - Animais que me habitam, Ártemis, são meus amos, mas, com o planeta Terra, Gaia, aprofundamos.
   Oh, médico salva meu corpo e traga esperança à vida!
   Ele caiu, até bater a coluna no paralelepípedo, em véspera de sua posse na prefeitura do município, eleito que foi, em escrutínio universal, no pleito majoritário.
   Já no corredor daquela ala de hospital:
   - Necessário recorrer ao exército pra manter a ordem?
   - Um fuzil para amar? Como usá-lo sem machucar?
   - Uma suástica enlameia – emasculada, em mortandade.
   - Malfadado, você prevarica, por reverenciar tal retorno. Assuma como vice eleito.
   - Entronizada, exceção, é voto vilipendiado.
   - Aquartelada agora, há revolução ruinosa. Fala o pintor figurista, acordado que foi, em meio à noite, para pintar o que ali jazia.
   - Individual insistência, cativada por tal atividade, há retrógrada reminiscência, em pinceladas pastel, sobre tela de algodão.
   - O Exército visa à democracia proteger, em disfunção postural, um cavalo com capa de carruagem pra que outros ladrem.
   - Os brucutus de antigamente, sairiam mal no quadro, tendo à cabeça um capacete - de milico, ejetor da cidadania, "limpador" de qualquer sociabilidade, e no dedo uma capinha do ejetor d'água - efluente, a limpar aquele para-brisas de fusquinha.
   - Construía escudo, com o primeiro brucutu, em minha infância, ostentado por artesanal anel no quarto dedo, pra me proteger de agressões do brucutu maior.
   - Com olhar risonho avista a gente. Evita marionete.
   - Hoje se pode dispensar o exército, pra tal, na democracia.
   - Se enxerga desastre político, rompa o casulo, da crítica fundamentada, ecloda em borboleta, com asas assertivas.
   - Farei fotossíntese em folha, que nutra você enquanto lagarta.
   - Um canto solitário, aguarda uma resposta – Bem-te-vi.

Capítulo 1 - O Nada.

 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1
 
 
 
 
 
 
O Nada.

Prefácio.



 

 

 
   Aguardo ressurreição, nutrida em leitura, regada por sentimento partilhado, levada por caule flexível aos ventos da ficção, idealizada fruta sensível, brotada com entusiasmo, colhida por suas mãos e sorvida por mucosa da emoção verdadeira.

Prólogo.

   Prólogo - proposto pra antologia, em ousadia poética, mas ainda em voz empostada - pra ser lapidada pelo pares, em gratidão antecipada:
   Perceptível está o servir desse espaço de memória, até então virtual e da sala de aula, para acesso do leitor – o motivador, desse vestir de capa próprio do ato da criação do intuir e do imaginar, em postura literária da antologia, antes pré-literária da oficina. 
   Idiossincrasias, entonações desproporcionais, reações exacerbadas, leitura ativa e passiva concomitantes na busca de sentidos, quentes e bem vindos, acontecem na oficina - "Como Escrever Um Livro", do coordenador Marcelo Ariel, até que simultâneos aconteçam, em êxtase nas páginas daqui, pela voz do personagem que fala por si.
   Em ousadia, quase poética, crê o oficinado.

Sinopse.

   Paradoxal amor, percebido em objeto idealizado, de impossível inicial ao, liberto de si, consumado.

Pequeno Currículo do Autor.

   Ricardo Rutigliano Roque – escreve desde 1991, artesão cartoneiro de suas seis obras, disponíveis desde 2015 no “Acervo dos Autores Santistas” – Biblioteca Mário Faria”, em Santos, e ainda em livro tradicional várias antologias, em grupos literários – “Cafezinho Médico Literário’, ‘Sociedade dos Poetas Vivos’ e ‘Grêmio de Haicai Caminho das Águas”.

Índice.

Pequeno Currículo do Autor.
Sinopse.
Capítulo 1 - O Nada.
  1. Brucutus.
  2. Folha Nova.
  3. Orelhas à Panela.
  4. Correr Atrás do Próprio Rabo.
  5. Gavião.
  6. Que Nuvem.
  7. Caipira.
  8. Caiçara.
  9. Tiro a Fumaça.
10. Motorista.
11. O Nada.
12. Conflito.
13. Minha Capa.
14. Tiro a Fumaça.
15. Minha Louça.
16. Abismo, Sublime Infinito.
17. Refluxo.
18. A Terra.
19. O Rio É a Solução.
20. O Dono de Um Circo.
21. O Claro e o Escuro.
22. De Castigo Sob a Escada de Madeira.
23. Liberdade.
24. Música na Medida.
25. Sela Museu, em Cela, da Cadeia Velha.
26. O Sabiá e o Garoto.
27. Choro na Medida.
28. Clube do Choro.
29. Convivência.
30. Meu Olhar e Seu Ouvir.
31. Mito.
32. Buraco na Casa da Palavra.
33. Ser Palmeira em Oásis.
34. São Cristóvão no Carnaval.
35. Palavra Entrecada.
36. Carta Aberta ao Terrorista.
37. Penal Maioridade.
38. Céu Espelha.
39. Uma Festa.
40. Uma Pedra.
41. Nuvens.
42. Um Urso Ferido.
43. Sentidos Desfraldados.
44. Um Morador de Rua.
Percepção (auto crítica).

Rosto.








 Liberto de Si. 






Conto - quiçá ROMANCE (ao final). 







Jorge Peixinho - pseudônimo de Ricardo Rutigliano Roque.