1) Como estranhar meu próprio reflexo no espelho a ponto de perceber nele um personagem?
- Preso em seu próprio corpo.
- Há mais em mim, que numa cerca em aparente jardim.
- Com o vapor do mar e oceano me umedeço.
- Com a luz do Sol me aqueço.
- Só colha-me em safras e me entristeço.
- Há um rio subterrâneo abaixo do meu crânio.
- Animais que me habitam são meus amos, mas, com o planeta terra aprofundamos.
O simplório caipira chega, é um migrante, sazonal. Ocupa um porão de casa abandonada, para dormir.
O citadino trancafia, aquele porão, por desconhecer o fluxo migratório, da colheita agrícola. O que sente? Quem age assim, reativamente, pra proteção de sua própria família, em casa vizinha?
Ao compartilhar sua contradição é, ele, aparteado por uma postura de gabinete: - “... Mas, ele tinha autorização para ali pernoitar?”
O hábito não respeitado, no Brasil, se contrapõe na América do Sul, onde o camponês pernoita no banco da praça, no Chile, sem ser incomodado.
Como legitimar o hábito – de ver-se no outro? Através da Cultura, com menos de 1% do orçamento em seus três níveis públicos? Na estranheza de um livro, na escola, ou no clichê da televisão?
2) Que imagem do dia que, decorrido, não contém nenhuma palavra que se fixe em minha mente, no instante que vou dormir?
A marola da embarcação maior na menor submete a minoria. Como refluí-la solidariamente?
3) Como escrever um texto com imagem assim?
balança o mar –
de motor ligado
lancha rasga a rede
4) ... Se paro no meio do dia meu afazer (guerra), para olhar as nuvens - “as maravilhosas nuvens”, e percebo nelas imagens, o começo da arte - pintura, cinema ou literatura, estará nisso? Como?
Tiro à Nuvem. O tiro projeta a bala que, liberta do cano do revolver, risca o céu desfazendo a nuvem.
5) Escrever três páginas imaginando diálogos entre as nuvens.
- Você sempre vem aqui, nuvem branquinha?
- Na sua ausência, sim, nuvem pretinha.
- O contraste é poético e, por isso, faça-se poesia comparecendo em dias carregados de chuvas, minha branquinha.
- Qual o ganho, minha pretinha, com tal prestigiosa presença, minha, em sua orquestrada tempestade?
- Poderá ver quanto os pássaros fogem, de minha chuva, coisa que você não faz – assustar os passarinhos...
- Em minha presença suas asas são secas, pra alçarem voo mesmo na chuva.
- Eu queria aprender a voar com sua leveza, branquinha e, depois de descarregar toda água, poderei praticar, tal voo de passarinho, com você.
- Os passarinhos que comem insetos estão com fome, com a fumacinha contra o mosquito da dengue.
- ... Mas, essa fumacinha branca - contra mosquito, não é leve como você e voa, livre, com os pássaros?
- Ela desengordura suas penas, que retém, por isso, a água da chuva – que você descarrega, e isso pesa, tirando dela a “voabilidade”.
- Então você branquinha, ao penetrar nas asas do passarinho, tira dele sua maior qualidade – leveza pra voar?
- Somos nuvens branquinhas, mas, com conteúdos e qualidades diferentes.
6) ... Se entro em um ônibus lotado e as pessoas que estiverem em silêncio: como devo imaginar aquilo que poderia ser visto por elas? Escolher uma dessas pessoas e escrever uma página com essa voz.
- Motorista conivente, usuário descontente.
- Tenho os pés voltados pra frente, mas, se tivesse, como o Curupira, voltados pra trás, o espelho do motorista não estamparia o sorriso malicioso em cada uma de suas brecadas. Ele achou o breque, mas, perdeu a paciência.
- Eu continuo com a paciência, mas, não acho o breque pra tamanho descalabro.
7) Pesquisar um homônimo meu e tentar saber algo sobre ele. ... Se isso ausente, no Google, imaginar um duplo.
Ricardo Rutigliano Roque – poeta.
8) Como escrever sobre o nada – uma cena onde nada acontece, onde nada é dito ou pensado?
balança o galho –
de bico fechado
gavião rasga o céu
Gestar após consumar, consumar após amar, amar após se apaixonar, se apaixonar após conhecer, conhecer após conversar, conversar após ouvir, ouvir o que foi gestado.
O vácuo está presente, silente, na ausência do ar que foi expulso, dali, mecanicamente pra fora da cavidade, que tem paredes forradas por mucosa, que se anima a ocupar, aquele, espaço deixado. Forma cistos, com contido líquido, organizado e fibrosado e, esses, passam à cavidade contígua, por onde deveria entrar o ar e sair o muco – antes líquido. Há presença de massa, assemelhada à uva em cachos pálidos, que querem ganhar o meio externo.
Ausente pressão na cavidade.
Presente mecânica da completude humana.
Não há vazio que não seja preenchido. Não há ausência natural que não seja ocupada pelo vazio.
Vazio, sempre preenchido estará, basta o existir!
- Preso em seu próprio corpo.
- Há mais em mim, que numa cerca em aparente jardim.
- Com o vapor do mar e oceano me umedeço.
- Com a luz do Sol me aqueço.
- Só colha-me em safras e me entristeço.
- Há um rio subterrâneo abaixo do meu crânio.
- Animais que me habitam são meus amos, mas, com o planeta terra aprofundamos.
O simplório caipira chega, é um migrante, sazonal. Ocupa um porão de casa abandonada, para dormir.
O citadino trancafia, aquele porão, por desconhecer o fluxo migratório, da colheita agrícola. O que sente? Quem age assim, reativamente, pra proteção de sua própria família, em casa vizinha?
Ao compartilhar sua contradição é, ele, aparteado por uma postura de gabinete: - “... Mas, ele tinha autorização para ali pernoitar?”
O hábito não respeitado, no Brasil, se contrapõe na América do Sul, onde o camponês pernoita no banco da praça, no Chile, sem ser incomodado.
Como legitimar o hábito – de ver-se no outro? Através da Cultura, com menos de 1% do orçamento em seus três níveis públicos? Na estranheza de um livro, na escola, ou no clichê da televisão?
2) Que imagem do dia que, decorrido, não contém nenhuma palavra que se fixe em minha mente, no instante que vou dormir?
A marola da embarcação maior na menor submete a minoria. Como refluí-la solidariamente?
3) Como escrever um texto com imagem assim?
balança o mar –
de motor ligado
lancha rasga a rede
4) ... Se paro no meio do dia meu afazer (guerra), para olhar as nuvens - “as maravilhosas nuvens”, e percebo nelas imagens, o começo da arte - pintura, cinema ou literatura, estará nisso? Como?
Tiro à Nuvem. O tiro projeta a bala que, liberta do cano do revolver, risca o céu desfazendo a nuvem.
5) Escrever três páginas imaginando diálogos entre as nuvens.
- Você sempre vem aqui, nuvem branquinha?
- Na sua ausência, sim, nuvem pretinha.
- O contraste é poético e, por isso, faça-se poesia comparecendo em dias carregados de chuvas, minha branquinha.
- Qual o ganho, minha pretinha, com tal prestigiosa presença, minha, em sua orquestrada tempestade?
- Poderá ver quanto os pássaros fogem, de minha chuva, coisa que você não faz – assustar os passarinhos...
- Em minha presença suas asas são secas, pra alçarem voo mesmo na chuva.
- Eu queria aprender a voar com sua leveza, branquinha e, depois de descarregar toda água, poderei praticar, tal voo de passarinho, com você.
- Os passarinhos que comem insetos estão com fome, com a fumacinha contra o mosquito da dengue.
- ... Mas, essa fumacinha branca - contra mosquito, não é leve como você e voa, livre, com os pássaros?
- Ela desengordura suas penas, que retém, por isso, a água da chuva – que você descarrega, e isso pesa, tirando dela a “voabilidade”.
- Então você branquinha, ao penetrar nas asas do passarinho, tira dele sua maior qualidade – leveza pra voar?
- Somos nuvens branquinhas, mas, com conteúdos e qualidades diferentes.
6) ... Se entro em um ônibus lotado e as pessoas que estiverem em silêncio: como devo imaginar aquilo que poderia ser visto por elas? Escolher uma dessas pessoas e escrever uma página com essa voz.
- Motorista conivente, usuário descontente.
- Tenho os pés voltados pra frente, mas, se tivesse, como o Curupira, voltados pra trás, o espelho do motorista não estamparia o sorriso malicioso em cada uma de suas brecadas. Ele achou o breque, mas, perdeu a paciência.
- Eu continuo com a paciência, mas, não acho o breque pra tamanho descalabro.
7) Pesquisar um homônimo meu e tentar saber algo sobre ele. ... Se isso ausente, no Google, imaginar um duplo.
Ricardo Rutigliano Roque – poeta.
8) Como escrever sobre o nada – uma cena onde nada acontece, onde nada é dito ou pensado?
balança o galho –
de bico fechado
gavião rasga o céu
Gestar após consumar, consumar após amar, amar após se apaixonar, se apaixonar após conhecer, conhecer após conversar, conversar após ouvir, ouvir o que foi gestado.
O vácuo está presente, silente, na ausência do ar que foi expulso, dali, mecanicamente pra fora da cavidade, que tem paredes forradas por mucosa, que se anima a ocupar, aquele, espaço deixado. Forma cistos, com contido líquido, organizado e fibrosado e, esses, passam à cavidade contígua, por onde deveria entrar o ar e sair o muco – antes líquido. Há presença de massa, assemelhada à uva em cachos pálidos, que querem ganhar o meio externo.
Ausente pressão na cavidade.
Presente mecânica da completude humana.
Não há vazio que não seja preenchido. Não há ausência natural que não seja ocupada pelo vazio.
Vazio, sempre preenchido estará, basta o existir!