Tentado entrar em um buraco negro,
no mar daqui, com beijos em metais
nobres, trazidos lá do Rio da Prata
por navios enamorados, vagantes,
com sêmen forjado em cobre e
ejaculado por ferreiro - Withal,
namorado da filha de Adorno –
octagenário e do engenho
cana de açúcar - século XVI.
Obstado fluído pensamento,
em singradas águas de nossos mares,
como em avenida metrificada
por semáforos, nesse nosso asfalto.
Tentado entrar em um buraco branco,
dono aqui de lojas no emissário
submarino em meio à frigidez,
de um comércio, que se manterá
se germinar em útero alheio.
Tentado obstar pensamento forja,
de tantas namoradas, com as lojas
estilhaçadas em buraco, mas
descolorido, cavado na casa
da palavra, afastado, assim,
da dança de roda, fruto de ausente
Cultura Caiçara do Fandango.
Dança o pescador quando ele só
aguarda o desenrolar da História.
Aforismo de Kafka: “O Messias só virá quando não precisarmos mais dele”.
Miserere.
Releve minha brincadeira
em nosso leito partilhado
tão longe de outros sabores
dramáticos em ousadia
já percebida desairosa,
por você ao dizer respeita.
Rara testemunha é indutora -
novidade sonora é tecida.
Com a ousadia poética,
com a qual apenas concebo,
pelo que peço que eleve,
diante do que é augusto,
suposto ideal anárquico -
do livre arbítrio almejado.
Ontológico sagrado não fere,
se erodido, o orgasmo legado.
Ofuscada vivência pública,
tão prezada se libertária,
contra esboçado manifesto
meio, assim, antiorgástico,
que permita alguém tão humano
relativizar o bom gosto.
Jamais nasce nada erudito -
sumário, mantido numa Arte.
Nessa mistura ambiente
onde se comunga o libertário -
vacina contra um contexto
imposto pelos degredados,
sendo eu só um simples náufrago
aportado em tentativa.
Aforismo de Kafka: “certas pessoas negam a miséria, referindo-se ao sol”, mas ele nega o sol, referindo-se à miséria.
Prender o noivo, pra ganhar a noiva?
Quem prendeu o rival foi um metido -
à prerrogativa de apoderar-se.
Pular fogueira e comer batata
dá mais energia e mantém Cultura.
O fogo nessa Cultura só queima -
não traz calor renovado pra festa,
deixa a madeira de sua árvore
não certificada pelo afeto -
abatida sem uma mais valia.
Só padrinho irá soltá-lo pra
cumplicidade se perpetuar.
Foge à tentativa de conquistá-la,
impõe a solução com pressa ao
passar rasteira com perna alheia.
Aforismo de Kafka: “Todas as virtudes são individuais, todos os vícios são sociais”.