quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Ars Viva.

Sou aberto por vossa onda,
ancoro lágrima, vida -
pérola oferecida,
por vós fechada até ontem.

Sentimento que sustenta malemolência -
contundente postura não recostada.
Sois mobile brilhante, ao dares contraste,
em noite escura, sois lapidado luar -
realças tenaz coluna de sua cidade.

Eu pressinto vosso chegar,
marulho dentro de mim -
reproduzes o mar da vida,
sois luz para o meu nadar.

Baseadas estás, dirigidas às nuvens, 
50 anos Ars Viva - um Coliseu, 
resistes dentre sustenidos e imagens, 
sois colunas incólumes - princípios retos,
com seres abraçados na diversidade.

Vossa lâmina d’água traz,
grão de areia, lacrimejo,
que reflete nosso céu
no ritmo que almejo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Você no Super.

Rosa, vermelho, azul, verde e preto
é mucosa, unha, céu e cabelo,
praia em você, prateleira - bem gueto.

Colorido cartão - se detiver,
e luz-neon exuberância der,
arrasta chinelo, põe camiseta.

Shorts e maiô – convite ao mergulho. 
Crédito e débito, aguarda isto:
digitar senha, comprar de um cristo.

Você se posta à espera, mina.
Vários minutos de perda - manera.
A terra vegetal na mão germina.

Caixa avisa – prefere gestante.
Filho dirige, carro deslizante.
Fila anda, com seus pés alinhados.

Comprar à noite é uma pedida -
frescor, dá vida que parece feira.
Comprar na chuva com Lua escondida.

sábado, 17 de outubro de 2015

Seu Ar.

Ao arejar acentua momento,
ao molhar me germina sentimento.

Extasia-me o seu inalar,
me expande, amor, o seu exalar.

Enleva-me, então fruo, sutil toque.
À altura, a possuo, rarefeita.

Num Copo D’Água.

Água não marejada,
se debruça, beira copo,
reproduz gota limite.

Sugada água, em seu lábio,
alegre prazer do líquido,
fruir germina o pensar.

Compensa estar lá, só
descer de sua nuvem,
subir no raio sol.

Sou Uma Concha.

Aberto por sua onda,
ancoro lágrima, vida -
pérola oferecida,
por você fechada até ontem.

Eu pressinto o seu chegar,
marulho dentro de mim -
reproduz o mar da vida,
é a luz do meu nadar.

Sua lâmina d’água traz,
grão de areia, lacrimejo,
que reflete nosso céu
no ritmo que almejo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

“A Palavra” Assistida.

   - Mediada por Carl Dreyer? 
   - No filme dele eu sei, só de olhar, quem é bom.
   - Então você é ungido? 
   - Não! É o meu desejo de fazer o mundo voltar a ser criança pra prevalecer, assim, longe de adulto doente, a verdade.
   - Mas a criança é alvo de brincadeira, prazerosa até os 10 anos de vida, e ainda impúbere, mais próxima da adolescência, em forma de jogo com regra, isto por ela exigida e a ela oferecida em manifesta aventura com segurança sob olhar sutil do adulto. 
   (Silêncio).
   - É! Não dá, nesse filme, pra esquecer o que o adulto já agregou ao mundo. 
   - Há deslocamento da voz celeste, em ritmo de quem é privado do sono, ao tentar se impor antes da voz humana – binômio gestante-concepto, e ao atropelar a voz terrana – sentir e pensar, de vida ritmada na prática. 
   - A voz humanizada dos enamorados, jovens, traduz colheita, semeada na delicadeza, mas que negligencia a semeadura terrana – ausenta o jovem da plantação.
   - Compelidos enamorados, à tal, por aquele que não dá ponto sem nó, moral, na busca da submissão que obsta o que é natural – relação homem-mulher. 
   - Ao final a voz celeste se une à voz infantil, pra resgate da voz humana, antes perdida por desproporção céfalo-pélvica, agora cantada em beijo, erotizado e silencioso. Outra voz é, a terrana, resgatada na aceitação de sua existência, após alinhavo em sua fração moral, pensada, para deleite de sua porção sentida, na entrega da mão da filha, pra manutenção da lavoura humana. 
   - O diálogo tornou a voz celeste harmonizada, ao ritmo da regência humana e terrana.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Não Michou o Carbureto.

Há no sopé da colina
o curió, da menina, 
com seu canto angustiado.

Em seu manto partilhado
há um rio amalgamado,
por menino, à convite.

No destino bom alvitre,
um marulho – repinique,
partícula no cabelo.

Gotícula em seu pelo.
Vive liberto ao sê-lo,
Sol de pé, lá na esquina.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Criança.

O sentir criança é simples-esquina,
virada-rua, caminhar contra-mão.

Cuida do anzol, que pesca em água rasa, 
enganchado em profundeza de seu ser.

À beira da ponte-saber, do limite,
vazio-precipício do horizonte além.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Após Apito há Pedra.

A pedreira já avisa -
explosivo está aceso.
Pedra lá substitui
o silenciado sono.

Sorrir não interrompido
no aconchegado colo.
Berço vazio do bebê,
que em braços de mãe, descansa.

Frágil lembrança que assalta,
sentir alongado ao chão.
Tempo pro corpo, bem dito,
que aponta o alinhado céu.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

“Infelizmente para Mim”.

Não resisti ao infame.
Mereço agora esse açoite,
de sua língua que fala.

Há emoção no silêncio,
demonstrada generosa,
ao sentir de um vulcão,
no compartilhado tempo.

Há vento em chama de vela –
palavra falada ao ser,
Lampedusa em Godard.

Ao desarquivá-la à tempo,
sinergia do caminho,
se converte o criativo
ser do tempo ao espaço.

Água é que me refresca,
nesse mar que me condensa.
Braços nadam, lá, abraçam.