sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Pouca Farinha - Santa Cruz dos Navegantes.

“Desde então, melhorou muito a vida daqueles nativos que suportavam nuvens de mosquitos pólvora e borrachudo e muitas cobras jararaca e jaracuçu. Pouca Farinha de Pedro Aragão, de seu Lisboa, de Sebastião Higino, Rodrigo Jaguareça, João Moraes, Maneco Barnabé, Benjamin, Sebastião Carrinho, Conceição Sant’Anna, Neuza, Antônio Pedro, Agostinho, Benedita, Enoque, Izaldo e Maneco Furtado, para citar somente alguns dos caiçaras daquela época, moradores daquele amontoado de areia, espremido entre o canal da Barra de Santos e um, então, vicejante manguezal ao fundo.’... ‘Os caiçaras primitivos que lá fincaram estacas cruzavam o canal em embarcações a remo, para, necessariamente, abastecerem-se de víveres na Ponta da Praia, cortar o cabelo no salão do Joaquim, frequentar o baile do Vasquinho em terras de Maneco Praiano e captar água potável em latas numa torneira fronteiriça ao Clube de Regatas Saldanha da Gama, ao lado da padaria do Ferreira (área hoje ocupada pelo edifício Pontal da Barra) ‘ (....) ‘Ainda nos anos 50 os irmãos Rafael e Modesto Roma trouxeram água potável para a Pouca Farinha, encanada desde o estaleiro Namy Jafet (ao lado do ferry-boat), atravessando os rios do Meio e da Missa até um chafariz inaugurado em 31/05/1953, construído próximo ao chalé de madeira da folclórica e carismática Dona Noquinha. Diz a placa comemorativa: ‘Dona Noquinha e moradores desta praia ficam gratos pela valiosa doação dos irmãos Rafael e Modesto Roma. Deram à pobreza a maior riqueza, água.’
‘E veio o tal progresso. Arrumaram um nome ‘politicamente correto’ (...) ‘Praia de Santa Cruz dos Navegantes, e pronto! Hoje de santa a localidade nada herdou. Migrações desordenadas de alienígenas entulharam seus manguezais, enfavelaram suas veredas, exterminaram as cobras, caçaram todos os caranguejos, engaiolaram seus pássaros, dragaram todos os berbigões (sarro de pito) de suas areias naturalmente lodosas, extinguiram o siri azul patola, os guaiamuns, robalinhos, tainhas, paratis e os camarões-ferro, que se criavam nos braços de seus rios de águas férteis e piscosas.’
‘Pouca Farinha dos estaleiros navais de João de Aguiar e da Praticagem. Do Rio da Missa, caminho pluvial natural para os sítios do Atílio (ótima pinga de alambique), Ventura (bananais), Américo e do Icanhema.’” – Nestor Jesus Sant’Anna, em "A Tribuna - jornal.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Uma Santos.


Areia por mar lambida
ao ver-se refletida
faz sentir você sereia
qual uma lua cheia.

A sua graça não é mera
forma da gente enxergá-la,
seduz a primavera
pro verão conquistá-la.

A Cultura perceber,
no lazer ao caminhar,
na beira de seu mar
a fisionomia ver.

Um jardim serpenteado
pra sua areia quentinha,
em verde mediado,
manter a sua linha.

Resultado imanente
o trabalho portuário
dá ganha pão libertário
ao sustentar sua gente.

Viçosa presença
em copas antes verdes -
Ipê Amarelo.

 Ricardo Rutigliano Roque.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Imposto do Medo.

Cardume de piranhas, a quem cerca?
Dentes cravados na praça do povo.
Som de apitos sirenes caladas -
Plínio mais Caio, Raquel e João Paulo.

Caíram em oficina de tapas,
mas desenham um coração no peito.
Praça do povo - há vida que pulsa.
Debaixo de seus braços um troféu.

Lar de mendigos que esperam São Paulo,
exposto ao projeto autoritário
na vala que ali corre à céu aberto
sem verde dessa flâmula azul mar.

Imposto do Medo.

Cardume de piranhas, a quem cerca?
Dentes cravados na praça do povo.
Som de apitos sirenes caladas -
Plínio mais Caio, Raquel e João Paulo.

Caíram em oficina de tapas,
mas desenham um coração no peito.
Praça do povo - há vida que pulsa.
Debaixo de seus braços um troféu.

Lar de mendigos que esperam São Paulo,
exposto ao dejeto autoritário
na vala que ali corre à céu aberto
sem verde dessa flâmula sem o azul mar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Patrimônio Cultural Imaterial - propostas caiçaras

Patrimônio Cultural Imaterial Caiçara – Celebração, Memória e Manifestação.
O Caiçara defende, em prosa na volta da pescaria e em sarau, com seu dizer em aforismo e versado - livre, em soneto e chorinho, o seu Patrimônio Cultural Imaterial Caiçara, e Material - paisagístico, tradicional e moderno - citadino.
Ricardo Rutigliano Roque.
Índice:
0) Patrimônio Cultural Imaterial - Saber Sanitário, convida à transcender o Paisagismo - Patrimônio Cultural Material, em prosa;
1) Memória Portuária da Migração em Santos:
a) tombamento de livro,
b) canções, versos, aforismos e imagens;
2) Celebração da Cultura Caiçara - conversa na volta da pescaria, em dizeres versados;
3) Celebração do Homem Moderno Caiçara - Citadino, ao versar - livre e em soneto, e ao cantar - chorinho, com letra em partitura e sobre foto, com o mote da brisa marinha e a luz natural, também, para defesa de seu Patrimônio Cultural Material - Paisagístico;
4) Manifestação do Homem Moderno Caiçara - Citadino, em dizer cantado. - “Madrigal Ars Viva”. (*)


* Créditos:
. parceria no primeiro Soneto - coletivo da oficina "Patrimônio Cultural Imaterial";
. parceria musical: referência em obra linkada e em partitura fotografada;
. parceria em arte sobre fotografia - Paulo Pascoal Gilio;
. autorais individuais: demais obras.
.


0) Patrimônio Cultural Imaterial - Saber Sanitário, convida à transcender o Paisagismo - Patrimônio Cultural Material, em prosa:
. Mitômano do Progresso derruba Saturnino de Brito.
- Bizarro ver rato esguichado, bueiro da calçada afora, força da maré - compressão, Bio, em canais se cobertos – vulcão. (*)
- Ausente, estacionar tão impróprio, agora, esse querer bem público, Tatao, ao cimentar belos canais com nariz de Pinóquio.
- Num presente destombamento, percebe ideia, à cavaleiro, identidade de meeiro, tornar santista amedrontado.
- Pra urbana imobilidade, com ausente faixa de rolamento, na nossa avenida da praia, ali com estacionamento.
- Abrir mão da dignidade, queriam meter sem brilho, no meio dos jardins da praia, falo em forma de monotrilho.
- Agora querem cloacão, pra que clandestina ligação continue a desaguar e, assim, fique perpetuado.
- Onde ninguém possa ver nada, dos belos canais de Saturnino de Brito, se cobertos sem ética trarão feiura encastelada.
- Ao destombar bens coletivos, pra singelo uso infantil -bicicleta e escorrega, em meio à fumaça vil.
- Querer mal disfarçada quebra, da estação sorocabana, pra beneficiar quem mais brinca - aquele mais bacana.
- O vereador proponente, com tal proposta é semente, de jogo com carta marcada, com a palavra eleitoralmente. (**)
- Complexo de Betty Boop faz, acontecer o nada, próstata-cimento, cobre os seus canais, Santos.
- Sêmen - asfalto alargado, para lá correrem espermatozoides - automóveis impacientes, e uretra - ligações clandestinas.
- Quem come, como você - lebiste peixinho, larvas de mosquitos?
- O vereador está, ao desfazer anatomia – destombar os canais, destruindo a referência da nossa Santos.
- Mitômano da forma, afunda o conteúdo. Comprou, Bio, o peixe?
- Tentei comprar, Tatao, quando disse à lojista: seu pai apontou-me, aqui, um peixinho como sendo o mais voraz, frente a um banquete de larvas do mosquito e agora, com essa nova arrumação da loja, todos se parecem. Espera um pouco. Sou levado a pensar que seja este aqui. Sozinho em seu aquário. Por tê-lo descrito, em seu comportamento, territorial, solitário.
O casal pensava estar ouvindo um relato de aparição mediúnica – tamanho o arregalar de seus olhos, batimento de coração e transpirar de mãos.
- Quando esteve aqui? Pois quem você descreve é cópia de meu pai, falecido há 1 ano! Já este aqui, genro dele, poderá informar do preciso.
- É preventivo da epidemia do Dengue, esse betta em águas paradas, na casa de cada um.
- Essas bolhas de ar dele e seus lucros iriam subir, não? Mas, o custo benefício – da cidade e aquaristas, seria positivo!
Pareceu pequena, à Tatao, aquela manhã – rápida em seu transcorrer, em contraste com o tema abordado – grande em situações e ausência.


*-** Cordel em homenagem à Zéllus Machado.


(Desnudo Mar Selvagem - livro inédito, de Ricardo Rutigliano Roque).


1) Memória Portuária da Migração em Santos, com:
a) tombamento de livro, aqui proposto:
"Navios Iluminados" de Ranulpho Prata.
b) canções, versos, aforismos e imagens:



. Chatice sem Você.


Magnânima é a arte
quando ilumina nossa parte...


Você encontra seu limite e
se coloca pra brincar bem,
onde déspota se mantém
com domínio ferrenho, só
joguete, da necessidade
que mais pertence ao ser humano


...que acolhe mais que exclui
num abraço que assim imbui...


Treinada com crianças grandes
com generosa poesia
no encontro de gente que chia
impõe sua experiência sábia
e repete o laboratório
da realidade que melhora


Beijos em toda nossa face
com estalos onde enlace.


Com estalos onde enlace,
beijos em toda nossa face.
Ricardo Rutigliano Roque (musicada por Rogério Baraquet - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/chatice-sem-voce /)
. Humanismo em soneto.


Aconchego do lar estremecido,
óbvio apego - mar naufragado,
desemboca em oceano amado -
ausência de outrém daí saído.


Humanismo é um legado que
enfrenta uma forma imanente
de mundo com ausente afeto, mente,
retorna combalido mais que o que.


Nu horizonte infinito da
incompreensão do passado longínquo,
que o presente teima em apagar.


Creio, você futuro fogo-fátuo,
trará preço imenso à pagar,
por não fazer do presente morada.


. Aforismo
. Humanismo - patrimônio imaterial evocado, em crise de refugiados - ao se dar costas a um acervo cultural idealizado:
.. migração feminina - refugiada do lar opressor, enfrenta com feminismo imanente, ao migrar rumo ao mundo - machismo dominante.
.. migração masculina - refugiado do mundo neurotizado, pela competitividade "meritocrática" - cortina de fumaça corsária no saque à humanidade local, ao migrar rumo ao lar - acolhedor até então.



. Presente-Ausente.


Torço por sua existência,
ativa amorização,
encontro-a natureza.


Evocada noite escura.


Paladar que amo,
transcende o querer,
audição do sonho.


Que amanheça clara.


Enxergo-a água –
fruído sentir,
presente-ausente.


Longe de entardecida.
Aromatizada,
traduzida em verbo –
sentimento vai.


Guardada no infinito.


Além do relicário –
está pulsante lá,
pisando a areia.


Torço por sua existência,
Guardada no infinito.


Ricardo Rutigliano Roque (musicada por Rogério Baraquet - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/presente-ausente-1 / ).


2) Celebração da Cultura Caiçara - conversa na volta da pescaria, em dizeres versados:
. Gratidão no Sarau - Dizer Caiçara.


Vivas, à rede! Tecida pescadora,
caiçara fisgadora é que doura
peixes no encontro forte e diverso
grande pra não celebrar abrasão
selvagem mar, em ondas, é mais são.


Reclusa coerência manifesta
feita luz de vela, libertas esta,
vistas vossa roupa lavada à mão
ávida quarada em cotidianos
varais ao vento mais que mundanos,
que na terra em varapaus cravamos.


Compareço, assim vestido ao sarau
como sal, nado mal, mas se areais
palavras em semelhança mamais
satisfeito engasgado abraçais,
isso digo, não sei que mal há, aos tais.


3) Celebração do Homem Moderno Caiçara - Citadino, em Sarau na defesa do também seu Patrimônio Cultural Material - Paisagístico, ao:
a) versar - livre e soneto, e
b) cantar - chorinho:


a)
. À Rua, um Poeta.


vê com azul dos olhos
a rapina em amarelo bico -
preto Tucano


É visto, aos olhos de terceiros,
como aquele que não faz nada -
quando escreve, pois aparenta
um inerte fisicamente
mas naquele momento pulsa,
se sua alma faz frente à
demanda reprimida – essa,
de até instantes atrás, e
caminha ao lado de quem só
acredita em seu bico em
pena que o açoita, nos seus
versos chicote, que vem no
estalo de poema dito.


Seus ouvidos, agora ouvem...


A poesia à rua é nua -
escritor vendendo obra,
contexto que livro fomenta,
com busca ativa de leitores...
esse estou eu no que é mantido,
sarau tradicional - estático,
pro corpo, mas com benefício
inovado organismo seu
nesse caminhar e remar,
que oxigena a alma, inspira
mais que transpira, com o Sol
poente ao fundo, em seu cenário -
audível chorinho no aquário.


em sua vermelha guelra
a sobra da isca viva -
anzol em Carpa

. Passado Apaixonado.


Eu nem lembrava que em meu passado
tinha uma benzedeira, que benzia
o estivador que cercava e nutria
a puta de vestido decotado.


Um samba, na X-9, bem marcado.
Pescador com a tarrafa trazia,
em meio às caixas de frutas vendia,
fieira de peixe lá no mercado.


Pensão com janela entreaberta,
ela chorona com lenço molhado,
vida seca, mas tão apaixonada.


Menino via peito desnudado -
imbuída menina debruçada,
já tinha a conquista como certa.


Aviltada aproximação passada,
firma pé em desfile nesse chão -
filma o desalinho protagonista.


Traga-me de lá o sabor do pão -
com sonoro recheio, entrevista
na simplicidade tão bem amada.




. "Sucesso".


Abdicar de pensamentos não cunhados
e sublimar pesadelos tão pesados.


Manto inglório desnaturado
ao nascer de sol coberto em falos
de edifícios em seu gozo inorgástico
com sobe e desce em elevadores.


Desandar caminhos mediados
descerá montanha apenas íngreme.


Escondidos raios do sol da manhã,
de pernas com gozosa disposição,
sem saudável caminhar amadurecido
por ausentada ossificação humana.


Enxergar cinza no céu escuro
ao apalpar névoa no semblante.


Quem cobra porque tem voz ativa
ao dar oralidade a sua pátria,
assim desencaminhada abraça
o que não tem preço pras crianças.


Bater em seu azul horizonte
sem perceber com seu sutil tato
um ganhar seus olhos ao focá-los.



. Uma Santos.


Areia por mar lambida
ao ver-se refletida
faz sentir você sereia
qual uma lua cheia.


A sua graça não é mera
forma da gente enxergá-la,
seduz a primavera
pro verão conquistá-la.


A Cultura perceber,
no lazer ao caminhar,
na beira de seu mar
a fisionomia ver.


Um jardim serpenteado
pra sua areia quentinha,
em verde mediado,
manter a sua linha.


Resultado imanente
o trabalho portuário
dá ganha pão libertário
ao sustentar sua gente.


Viçosa presença
em copas antes verdes -
Ipê Amarelo.

b)
. Choro na Medida.


Na travessa nua
golpeias meu sono
ao nascer da lua.
Mandas como a um cão –
num beco de rua.
Interfonas não!


Só, dentro de mim,
parece esquina.
Edifício não,
este minha sina,
pesadelo é –
vazio e de pé!


Tocas telefone
pra um zelador,
de lá não se escuta -
esta ligação:
“corra, interfona,
manda um chorão”!


Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
foge do assédio.
Vizinha pergunta -
vai deixar o prédio!?


Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
balança com tédio.
Vizinha pragueja -
vai quebrar o prédio!


Diante de mim
explode em ruína –
edifício sim,
assim me anima -
tão desmoronado,
choro mareado!


Areia sem luz
assim não alisa,
tamanho induz
aquece sem brisa.
Caiçara em prédio
não mora no tédio!


Diante de mim
e não tão acima
edifício sim
assim se sublima -
mais apequenado,
no choro ninado.


Ricardo Rutigliano Roque (musicado por Ulysses Mansur)


4) Manifestação do Homem Moderno Caiçara - Citadino, em dizer cantado. - “Madrigal Ars Viva”:


. Ars Viva.


Sou aberto por vossa onda,
ancoro lágrima, vida -
pérola oferecida,
por vós fechada até ontem.


Sentimento que sustenta malemolência -
contundente postura não recostada.
Sois mobile brilhante, ao dares contraste,
em noite escura, sois lapidado luar -
realças tenaz coluna de sua cidade.


Eu pressinto vosso chegar,
marulho dentro de mim -
reproduzes o mar da vida,
sois luz para o meu nadar.


Baseadas estás, dirigidas às nuvens,
50 anos Ars Viva - um Coliseu,
resistes dentre sustenidos e imagens,
sois colunas incólumes - princípios retos,
com seres abraçados na diversidade.


Vossa lâmina d’água traz,
grão de areia, lacrimejo,
que reflete nosso céu
no ritmo que almejo.


"Madrigal Ars Viva" - interpreta Gilberto Mendes, nos 50 anos de existência, no Teatro Coliseu - em vídeo, por Ricardo Rutigliano Roque (sem o devido crédito) -
https://m.youtube.com/watch?v=kJThpQgjNqw&feature=youtu.be


Pequeno Currículo:
Em Santos, Catando Guaru - contos, livro classificado no Facult de Santos - 2011 (inédito); Fortaleza da Barra Grande - prosa, Poesia à Rua, Caiçara em Haicai, Uma Chama Atlântica, Da Mata Atlântica ao Neruda, Diálogo Caiçara com Saturnino de Brito - 2013-4, e Fogo Amigo - poesias, 2016 (publicados / Caiçara Catadora de Capa Artesanal); Mar Selvagem - romance, classificado no Prêmio SESC de Literatura - 2015 (inédito); Desnudo Mar Selvagem, oficina e celebração Caiçaras, classificado em Literatura – Fomento à Prosa, PROAC - (1ª fase) 2016.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Humanismo em soneto.

Aconchego do lar estremecido,
óbvio apego - mar naufragado,
desemboca em oceano amado -
ausência de outrém daí saído.

Humanismo é um legado que
enfrenta uma forma imanente
de mundo com ausente afeto, mente,
retorna combalido mais que o que.

Nu horizonte infinito da
incompreensão do passado longínquo,
que o presente teima em apagar.

Creio, você futuro fogo-fátuo,
trará preço imenso à pagar,
por não fazer do presente morada. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Carpa e Tucano em Haicai.

em sua vermelha guelra
a sobra da isca viva -
anzol em Carpa

vê com azul dos olhos
a rapina em amarelo bico -
preto Tucano

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Choro na Medida.


Na travessa nua
golpeias meu sono
ao nascer da lua.
Mandas como a um cão –
num beco de rua.
Interfonas não!

Só, dentro de mim,
parece esquina.
Edifício não,
este minha sina,
pesadelo é –
vazio e de pé!

Tocas telefone
pra um zelador,
de lá não se escuta -
esta ligação:
“corra, interfona,
manda um chorão”!

Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
foge do assédio.
Vizinha pergunta -
vai deixar o prédio!?

Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
balança com tédio.
Vizinha pragueja -
vai quebrar o prédio!

Diante de mim
explode em ruína –
edifício sim,
assim me anima -
tão desmoronado,
 choro mareado!

Areia sem luz
assim não alisa,
tamanho induz
aquece sem brisa.
Caiçara em prédio
não mora no tédio!

Diante de mim
e não tão acima
edifício sim
assim se sublima -
mais apequenado,
no choro ninado.

Ricardo Rutigliano Roque (musicado por Ulysses Mansur).

domingo, 7 de agosto de 2016

Poético Labor.

Chega perto meu dado certo,
leva horizonte à amada.
O sentir concebido amplia,
pétala nascida diálogo.

Paisagem – falta você!
Balança todo firmamento.
Dá a sustentabilidade,
em seu ascendente olhar.

Homônimo, ao lutar daquela,
em ecológico fruído -
predominar à nuvem preta,
rua em democrático céu.

Temer Idade.

O sentir concebido amplia,
pétala nascida diálogo -
homônimo ao lutar daquela 
rua em democrático céu. 

Dá a sustentabilidade, 
em seu ascendente olhar, 
se ecológico fruído, 
predominar à nuvem preta! 

Paisagem – falta você! 
Chega perto meu dado certo, 
leva horizonte à amante, 
balança todo firmamento.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Democracia Esnucada.

   DEMOCRACIA do esnucado voto, pelo bola sete, sobre tapete leucodérmico, vermelho de envergonhado coração alheio, exposto em olfatada maresia, pedinte de vistas ao duplo aquário, declinado de procurar Nemo, sob pelos em variadas direções, mas dominado pela mão direita com três dedos de poderes monocráticos, perto de anárquicas pedras a serem jogadas em búzios sem conchas, estas mordidas por leão de costas à mãe África de tantos filhos sem alicerces de mesa branca, ramelado em lufadas do homogeneizante norte-norte, que congela o sul-sul escravo, que achata, nesse olhar à frente, a nádega obtusa, esta sem a ginga caminhante, britada sem águas saturnínicas, agora projetadas "in natura" em oceano do voto escancarado cheio de dentes, à espreita de violentado escrutínio inválido.
   Ah, vá! Sintam muito!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Maria da Lapa Rutigliano Roque

M inha
A rte
R eavida -
I ntensa
A metista.

D edicada
A roeira.

L eve
Á gua
P arida,
A colhida.

R etornada
U nicidade
T errana
I luminada.
G estação
L ibertária -
I ncludente.
A té
N utrir
O ntologia

R oga
O rientação
Q ue
U ltimada
E terniza.

domingo, 31 de julho de 2016

Levar Poesia às Ruas - programa.

LEVAR POESIA ÀS RUAS - Sensível Preceito, em Utópicos Requerimentos (*a-b), Reais Diagnósticos (*c), Aventada Pertinência (*d), Desejada Relevância de Um Programa Autoral de Política Pública, em Textos Autorais (*¹-²) e Real Referência Jornalística (*³):


*(a) Santos, 27 de agosto de 2008, sob o nº. 90763/2008-47 do SEPROT - Programa de Saúde Ambiental;

*(b) São Vicente, 27 de agosto de 2008, sob o nº. 001 - 035743 - 2008 – 5 do DSA/D - Programa de Saúde Ambiental;

*(c) FONTE: SEADE/2012- http://www.iprsipvs.seade.gov.br/view/pdf/iprs/estado.pdf -

. dois índices alarmantes que fazem a demanda e proposta gabaritadas e pertinentes de alguma iniciativa, nesse sentido: 

1) "Entre os municípios mais populosos da Baixada Santista (Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande), apenas Santos tem escolaridade média."; 

2) "Distribuição Espacial: ...entre os 100 piores, quatro têm mais de 100 mil habitantes (Guarujá, São Vicente, Caraguatatuba e Suzano).” (**);

** Relevância em Política Pública - Textos Autorais do P.S.A. (¹,²) e Deferência Jornalística ao P.S.A. (³):

¹ Diagnóstico: índices escolares alarmantes, na Baixada Santista, em texto autoral - http://rutiglianoroque3.zip.net/arch2013-03-03_2013-03-09.html#2013_03-09_09_26_37-121995562-0;

² Tratamento: proposto e já implementado em escola pública do Guarujá - metropolitanamente, para melhora da leitura dos alunos, em resgate lúdico e histórico, em vertente escolar - paradidático, publicado em blog, autoral do P.S.A. – Programa de Saúde Ambiental, no link: http://rutiglianoroque3.zip.net/arch2013-01-27_2013-02-02.html#2013_01-29_14_54_43-121995562-0;

³ Publicação: Jornal “A Estância” – p. 9, 14-21/06/2013, Guarujá – S.P.: “Crianças Recriam a História em Gravuras”.

Em site autoral: http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2013/07/levar-poesia-as-ruas.html ;

*(d) Currículo, nessa pertinente militância pública, no link:  http://www.linkedin.com/profile/view?id=89626831&trk=tab_pro .

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Caiçara - Musical.

CAIÇARA – MUSICAL.


ÍNDICE – dos dizeres:

Primeiro ato – Cardume: Pescador Caiçara – em dizer musicado (1). Pescador caiçara – em fluxo de pensamento (2). Mulher caiçara – em fluxo de pensamento (3). Pescador caiçara – em fluxo de pensamento (4). Mulher caiçara – em fluxo de pensamento (5). Pescador – em fluxo de pensamento (6). Mulher – em fluxo de pensamento (7). Pescador – em fluxo de pensamento (8). Mulher – em fluxo de pensamento (9). Pescador – em fluxo de pensamento (10). Mulher - em dizer musicado (11). Negro, em dizer musicado (12).

Ato contínuo - Conto Entre Nuvens Um Passarinho Assustado: Pescador Caiçara – em fluxo de pensamento (13). Criança caiçara – diz ao pescador caiçara (14). Pescador – diz a seu filho (15). Criança – diz ao pescador (16). Pescador – diz a seu filho (17). Criança – diz ao pescador (18). Pescador – diz a seu filho (19). Criança – diz ao pescador (20). Pescador - diz a seu filho (21). Criança – diz ao pescador (22). Pescador - diz a seu filho (23). Criança – diz ao pescador (24). Pescador - diz a seu filho (25. Criança – diz ao pescador (26). Pescador - diz a seu filho (27). Criança – diz ao pescador (28). Pescador - diz a seu filho (29). Criança – diz ao pescador (30). Pescador - diz a seu filho (31). Criança – diz ao pescador (32). Criança – diz à fuligem da queima da cana de açúcar (33). Fuligem – diz à criança (34). Preta nuvem – diz à criança (35). Criança – diz à preta nuvem e à fuligem (36). Preta nuvem - diz à criança (37). Criança – diz à fuligem (38). Fuligem – diz à criança (39). Preta nuvem – diz à criança (40). Céu azul – diz à preta nuvem e fuligem (41). Criança – diz à nuvem branquinha (42). Nuvem branquinha – diz à criança (43). Preta nuvem – diz à nuvem branquinha (44). Nuvem branquinha – diz à preta nuvem (45). Preta nuvem – diz à fuligem e à fumaça (46). Fumaça – diz à preta nuvem (47). Preta nuvem – diz à nuvem branquinha (48). Nuvem branquinha – diz à fumaça (49). Criança – diz à nuvem branquinha (50). Fumaça e Fuligem – dizem à criança (51). Criança – diz à fumaça (52). Fuligem, preta nuvem e fumaça – dizem à criança (53). Passarinho – em fluxo de pensamento (54). Negro – diz ao pescador (55). Pescador - em fluxo de pensamento (56).

Segundo ato – Mar Selvagem: Fenton -almirante corsário inglês- diz a seus marinheiros (57). Capitão espanhol -em navio saqueado- diz a seus marinheiros (58). Ward -vice-almirante corsário inglês- diz aos capitães de sua esquadra (59).Fenton – diz a Ward (60). Withal -inglês local- diz em terra ao sogro Adorno (61). Withal -a bordo- diz a Fenton (62). Withal -em terra- diz aos locais (63). Anônimo local – diz aos locais (64). Emissário de Leitão -capitão mor e governador da província- diz aos locais (65). Ward - diz a Fenton (66). Fenton – diz a Ward (67). Ward - diz a Fenton (68). Fenton – diz a Ward (69). Fenton – diz a Withal e Adorno (70). Fenton – diz a Ward (71). Adorno – ancião local, sogro de Withal e de posses, diz a todos locais, segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P. (72). Fenton – diz a Ward (73). Withal - diz aos locais (74). Capitão espanhol -no navio da esquadra espanhola avariado na escaramuça- diz ao Almirante Valdez (75). Valdez -almirante da esquadra espanhola- diz a Higino (76). Higino -vice almirante da esquadra espanhola- diz a Valdez (77). Vigia local -do morro do vigia- em fluxo de pensamento, em "24 de janeiro de 1584...", segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P. (78). Emissário local -do vigia- diz ao este (79). Higino -capitão e navio espanhol- diz a Fenton (80). Adorno – diz aos combatentes e aos locais (81). Adorno –ancião local– diz aos locais (82). 

Ato contínuo – Pescaria:

Mulher caiçara - em fluxo de pensamento (83). Mulher – diz à Fortaleza da Barra Grande (84). Pescador caiçara - diz à Fortaleza (85). Guarani - diz à Fortaleza (86). Pirata - diz à Fortaleza (87). Negro – diz à mulher, pescador, fortaleza e à criança (88). Criança - diz à Fortaleza (89). Pirata – em fluxo de pensamento (90). Mulher – em fluxo de pensamento (91). Pescador – em fluxo de pensamento (92). Negro – em fluxo de pensamento (93). Criança – em fluxo de pensamento (94). Guarani – diz à criança (95). Vigia - em dizer cantado (96). Pescador – em fluxo de pensamento, em homenagem a Martins Fontes, “Indaiá - Livro Phostumo, 1937 (97). Criança – em fluxo de pensamento (98). Guarani - em fluxo de pensamento (99). Mulher - em fluxo de pensamento (100). Negro - em fluxo de pensamento (101). Guarani - em dizer cantado (102). Pescador – diz à plateia (103). Pescador – diz à plateia (104).

Ato contínuo - baixar de cortinas: Criança com todos os atores – em dizer cantado, à plateia (105).

Primeiro ato – Cardume:

1. - Torço por sua existência, ativa amorização, encontro-a natureza. Evocada noite escura. Paladar que amo, transcende o querer, audição do sonho. Que amanheça clara. Enxergo-a água – fruído sentir, presente-ausente. Longe de entardecida. Aromatizada, traduzida em verbo – sentimento vai. Guardada no infinito. Além do relicário – está pulsante lá, pisando a areia. Torço por sua existência, Guardada no infinito. (Pescador Caiçara – em dizer musicado: https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/presente-ausente-1 ) .

2. Beijo sua boca carmim sobre marfim os lábios que molhados me seduzem vizinhos à sua pele jambo (Pescador caiçara – em fluxo de pensamento).

3. De amolecida têmpera marrom e o vermelho seu charme de ferrugem no ferro corroído (Mulher caiçara – em fluxo de pensamento).

4. Sobre sua cabeça seco no forte sol o Sapé refresca (Pescador caiçara – em fluxo de pensamento).

5. Mancha no azul do céu um galho com Algodão rabisca de branco (Mulher caiçara – em fluxo de pensamento).

6. Sua delicadeza surge nesse contexto em penhasco com ar de passarinho e mergulhão olhando a praia de menino em canoa de pescador sobre mar de cardume onde a pura ação movimenta, com o sentir amoroso nessa lúdica presença que mais se aproxima da existência em ato de busca brincadeiras na mata e poesia pelas ruas interiorizam nesse movimento seu frescor sob brancos lençóis com dobras de marolas trazidas do caminho das águas mulher caiçara banha sua filha com mãos calejadas pelo tecer da rede de pesca em descanso de seu caminhar continente para conquista de sabor na sua permanência insular com troca de aromas no mar de diálogo vai em correnteza oceânica do viver com bucólica remada de aproximação ao horizonte incerto (Pescador – em fluxo de pensamento).

7. Gerada presentificação própria da europeia com pitadas de sonoridade africana e de plasticidade guarani com sua história fragilizada no medo imposto por incorretos mas com adquirida fortaleza disfarçada em aparência amedrontada dos corretos e longe de vitimizada sob a ética do benefício herdado da ascendência a minha cultura de mulher caiçara evoca em linhas guardadas próximas à sombra de paciente espera o seu mistério com quantidade de nós que permeiam a menina que escuta e cortiças que flutuem junto ao menino que lhe fale eu como personagem me sinto protagonista nessa tessitura mais coadjuvante em ondas do que como narradora em vagalhão da saudade tão desdobrados mas companheiros em degustação de maresia em rebeldia está na evocação do limite de mar circunscrito esse avizinhamento mas que em maré vazante vai até se distanciar em conquista de água oceânica coberta em brumas em vazantes e enchentes este fluxo está ao adentrar o canal do estuário longe de manobras exóticas como em suas veias para percepção do que há ao passar pelo deck dos sentidos até umedecer a aridez da areia em próxima praia a partir dali palmilhada (Mulher – em fluxo de pensamento).

8. Há ambiente em roteiro desde a nascente do Tejo que a remete à Europa e à África até a Fonte de Itororó depois de percorrido o rio chamado Atlântico como sua artéria e já aqui refrescado como em suas narinas pelo vento até a Serra do Mar emoldurada por nuvens pensamentos que evocam vulcões de Araucania intuições e lava expelida pelo Vesúvio lembranças essa geografia emocional é de inquietude denotada em fenomenologia de atos e de passivas percepções (Pescador – em fluxo de pensamento).

9. Vivificada memória em suas cartas chacoalhadas no abrir de sua bolsa sobre contexto disfuncional com poeira de grande viagem desde a distante Europa onde os detratores permanecem sob silenciado mosaico de intransigência à anárquica presença sua e da África de mais antiga influência à submissão chegando à sedutora Mata Atlântica agora passa em intimista distância suas vistas por morros na Ilha de São Vicente desde um tormentoso morro até outro sonhado mirante do cais do Porto e praias onde os caiçaras formam quebra-cabeça em estabelecidos epicentros que seus ombros sustentam (Mulher – em fluxo de pensamento).

10. Percepção do menino em pluvial água e da menina em salobra mistura ambos acalentados como pequenos peixes guarú estes que saem mesmo protegidos como de sua boca as palavras no abrir de barbatana em toques mútuos assim em nossos mais recônditos nichos como uma só isca viva enlevados por anzol cognitivo você mulher convive com predadores que passam por sua mão em aleatória escolha vazante na busca de partilha maior em trajeto sem sombras de pedras como se não houvessem ossos mas, das mais fortes ondas profundas correntezas e remansos cujas superfícies refletem como sua esperança o céu (Pescador – em fluxo de pensamento).

11. - Sua Música - música. Você traduz partido alto qual areia induz andar sem salto. Venha de longe chega mais perto sua voz é meu dado certo. Canal leva meu pensamento pra maré balançar o firmamento. A vida lá fora ao som transcendo letra atrás desse momento. (Mulher - em dizer musicado - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/sua-musica )

12. - Canta compartilha hoje hino até antecipa, resgata rua luz, louva, emana, emoldura anterior à ulterior unidade, xamã xavante - brincante Charleaux árvore verde - sombreado chão uma folha amarelada na infância a brincadeira acontece: ninguém se amola, o brinquedo é sorridente e o brincante se apetece na adolescência o brincante extrapola, fica e namora:

é mambembe como uma bola o adulto necessita de segredo: é cúmplice a olhos vistos, em olhares que o engrandeça e evitem seu degredo Cativa colheita - hombridade hermosa, ainda acolhedora, retidão reina lida livre, embaixador emudece, àquele adianta um ultimato - xô xadrez. (Negro, em dizer musicado - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/brincante-charleaux )

Ato contínuo - Conto Entre Nuvens Um Passarinho Assustado:

13. Em frente à praia ao lado da reserva Juréia-Itatins de costas pra Mata Atlântica você meu filho mostre a mim seu pai o que vê no céu (Pescador Caiçara – em fluxo de pensamento).

14. – Ó, pai! (Criança caiçara – diz ao pescador caiçara)

15. - Sim, é uma nuvem! (Pescador – diz a seu filho)

16. - Vê, ali! (Criança – diz ao pescador)

17. - É, mudou de lugar! (Pescador – diz a seu filho)

18. - Bonita é, também, aquela! (Criança – diz ao pescador)

19. - É a branquinha! (Pescador – diz a seu filho)

20. - Parece que flutua! (Criança – diz ao pescador)

21. - Quer uma igual? Come esse doce. (Pescador - diz a seu filho)

22. - Nhac... Hummm! (Criança – diz ao pescador)

23. - É bom, né? (Pescador - diz a seu filho)

24. - Aquela é pretinha! (Criança – diz ao pescador)

25. - É, ela tem água. Toma essa água. (Pescador - diz a seu filho)

26. - Glub, glub... Hummmm! (Criança – diz ao pescador)

27. - Matou a sede, né? É a goiabada, com queijo. Romeu e Julieta, que dá sede, nessa nossa festa de Cosme e Damião. (Pescador - diz a seu filho)

28. - Você também consegue pai, se abaixar como eu, pra beber água, no rio? (Criança – diz ao pescador)

29. - Já teria se abaixado, pra pegar doce, mas aqui você recebe na mão, em festa de Cosme e Damião. (Pescador - diz a seu filho)

30. - Pai. Posso ir à casa de mãe, lá na mata, que é pra pedir água e doce? (Criança – diz ao pescador)

31. - Vai lá, filho, e suba a escada, e fora da casa, pra escolher a nuvem certa, pra desta beber, mas não faça amizade com quem deixe rastro, nesse caminho de areia. (Pescador - diz a seu filho)

32. - Subirei nessa árvore. Na água empoçada se vê o contorno, sombreado de algo, que paira no céu. (Criança – diz ao pescador)

33. - Olá preta nuvem. Você tem água pra matar minha sede? (Criança – diz à fuligem da queima de cana de açúcar)

34. - Sou nuvem preta, mas oriunda da queima das folhas da cana de açúcar. (Fuligem – diz à criança)

35. - Eu sim, sou preta nuvem, tenho água, antes de ir lá - à plantação, naquele céu azul, seco e quente. (Preta nuvem – diz à criança)

36. - Qual a velocidade, que vocês atingem? (Criança – diz à preta nuvem e à fuligem)

37. - Aquela, do vento que me traz. (Preta nuvem - diz à criança)

38. - Como você é recebida, ao ser, percebida, fuligem? (Criança – diz à fuligem)

39. - Como a um moleque, travesso, por repetidas vezes. Ela também, a preta nuvem, mas, eu apareço em duas safras por ano. (Fuligem – diz à criança)

40. - Já eu chego mais no final do verão e, por isso, molho a roupa no varal, mas, mesmo assim sou tratada como filha predileta! (Preta nuvem – diz à criança)

41. - Sou testemunha disso, ao iluminar seus caminhos, preta nuvem e fuligem. (Céu azul – diz à preta nuvem e à fuligem)

42. - E você - nuvem branquinha, sempre vem aqui? (Criança – diz à nuvem branquinha)

43. - Na ausência da preta nuvem, sim. (Nuvem branquinha – diz à criança)

44. - Nosso contraste é poesia, minha branquinha, em dias carregados de chuva. (Preta nuvem – diz à nuvem branquinha)

45. - Qual o ganho, preta nuvem, com minha prestigiosa presença, em sua orquestrada tempestade? (Nuvem branquinha – diz à preta nuvem)

46. - Poderá ver quanto os pássaros fogem, de minha chuva, coisa que você não gera – susto em passarinho. (Preta nuvem – diz à fuligem e à fumaça)

47. - Em solitária presença, essa minha, de fumaça de espantar o mosquito e, tantos são os pássaros que alçam voo, debaixo de sua chuva! (Fumaça – diz à preta nuvem)

48. - Eu queria aprender a voar com sua leveza, branca nuvem, ao descarregar toda minha água, pra poder praticar um voo de passarinho. (Preta nuvem – diz à nuvem branquinha)

49. - Os passarinhos estão com fome, com o calor de sua fumaça pra espantar o mosquito - seu alimento. (Nuvem branquinha – diz à fumaça)

50. - Mas, essa fumaça preta contra mosquito, é leve como você – nuvem branquinha? Voa, livre, como pássaro? (Criança – diz à nuvem branquinha)

51. - Inabilitado pássaro de penas desengorduradas pelo calor que faz reter assim a água da chuva caída da nuvem pretinha e essa pesa, o que lhe tira o voar (Fumaça e Fuligem – dizem à criança)

52. - Então são vocês, fumaça e fuligem, que desengorduram as asas do passarinho, ao esquentar o clima, e o oferece aos gatos, em meio a água da pretinha? (Criança – diz à fumaça)

53. - Somos nuvens pretinhas, mas, com conteúdos e qualidades diferentes. (Fuligem, preta nuvem e fumaça– dizem à criança)

54. Diversão passageira pé d’água apaga pegadas na areia (Passarinho – em fluxo de pensamento).

55. - Oitenta Horas Semanais! Omitir-se instituirá trabalho escravo - nação títere, acorda! Honra ontológica - resistência, até sangrar! Sua existência merece atenção! Não se acorrente! Insurja-se! Sociabilize-se! Isca Viva. A linhada se enrosca nas pedras à beira mar. O peixe não sairá de seu azul acolhedor. O anzol será cognitivo - a isca ao sol se esquenta, seu cheiro seiva a vida. A água flui pra lá, oscila no horizonte, lá – onde o ar mergulha, lá – onde o mar espia, lá – onde o peixe só nada, lá – onde há pedras profundas, em seu profundo estar. (Negro – diz ao pescador)

56. O dia me é boa manhã ensolarada na praia com pequeno ao chão tão pequeno fui memória praia acompanha no baixar de cabeça pequeno foco concretude norte abstraída intrépido poema num querido convívio como me atrai contraste semente praia útero onde pequenos criam sinto a força com pequeno aos braços peso às costas qual o que, leveza sustentável demarcada na maciez das areias nuances vivenciam querer estímulo ator e cenário fundem contemporâneo e passado longe do anacronismo o amanhã todavia me é bom anoitecer enluarado mesmo só retorno elas em mim virão memórias erguidas enquanto olhar o ainda distante horizonte (Pescador - em fluxo de pensamento).

Segundo ato – Mar Selvagem:

57. - À luta! Vamos saqueá-lo! (Fenton -almirante corsário inglês- diz a seus marinheiros)

58. - Defendamo-nos do saque... o metal nobre trazido do Rio da Prata foi lavrado para a coroa espanhola. (Capitão espanhol -em navio saqueado- diz a seus marinheiros)

59. – Vencemos! Orientar a estibordo rumo a Santos... (Ward -vice-almirante corsário inglês- diz aos capitães de sua esquadra)

60. - Sendo Santos tal e qual Withal afirmou, admito que será um porto seguro para o conserto do casco e para novos saques. (Fenton – diz a Ward)

61. - Adorno meu sogro! Preciso trabalhar, como ferreiro e carpinteiro que sou, apesar de nosso parentesco e sua respeitosa riqueza e sabedoria. Além do que, veja o estado do casco inglês! (Withal -inglês local- diz em terra ao sogro Adorno)

62. - Fenton, coopero com você e digo: os portugueses, mulheres e crianças saíram da vila; os navios deverão ancorar junto à vila para permanecerem visíveis, tranqüilizando-os. (Withal -a bordo- diz a Fenton)

63. - Gente daqui, os ingleses necessitam consertar o casco do navio e eu necessito desse trabalho. (Withal -em terra- diz aos locais)

64. - Confiamos no Withal, que necessita trabalhar no que sabe, mas estaríamos dando porto seguro a saqueadores nesse conserto do casco... (Anônimo local – diz aos locais)

65. - Gente daqui! Deliberamos que por enquanto nos entregaremos à nossa defesa. Leitão falará à Fenton, dentro de poucos dias. Poderá forrar de cobre o casco, carpintear e pescar, por enquanto... forjas e fornos só depois da chegada de Leitão. (Emissário de Leitão -capitão mor e governador da província- diz aos locais)

66. - Adorno, Veras, Raposo, Withal... venham a um banquete a bordo, preparado para vocês decidirem lá, com liberdade. (Ward - diz a Fenton)

67. - Ward, vamos aprisioná-los. (Fenton – diz a Ward)

68. - Fenton, será melhor corrompê-los. (Ward - diz a Fenton)

69. - Ward... eles são leais ao poder constituído local! (Fenton – diz a Ward)

70. - Withal e Adorno... vamos à terra junto aos navios para conhecer o lugar para a forja. (Fenton – diz a Withal e Adorno)

71. - Adorno! Ofereço a você seda e veludo. (Fenton – diz a Ward)

72. - Ouçam todos... “Gente de Santos não se entende com reconhecidos piratas”. (Adorno – ancião local, sogro de Withal e de posses, diz a todos locais, segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P.)

73. - Ward, eu confiei em Withal nessa empreitada e agora... (Fenton – diz a Ward)

74. - Gente daqui... estou arrependido do pacto que confesso ter feito com Fenton, em facilitar-lhe porto seguro para saques a espanhóis... (Withal - diz aos locais)

75. - Almirante Valdez; fomos atacados. Trata-se de saque corsário inglês e agora estamos à deriva. (Capitão espanhol -no navio da esquadra espanhola avariado na escaramuça- diz ao Almirante Valdez,)

76. - Higino! Renascemos na consciência. Vá numa defesa de Santos. (Valdez -almirante da esquadra espanhola- diz a Higino)

77. - Valdez, reparando nossa pouca vigilância, vou a Santos. (Higino -vice almirante da esquadra espanhola- diz a Valdez)

78. - Como vigia professo fé na vigilância. Avisto a armada espanhola na boca da barra e a armada inglesa no estuário, ajudado pela luz do luar. (Vigia local -do morro do vigia- em fluxo de pensamento, em "24 de janeiro de 1584...", segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P.)

79. - Fique orando e vigiando -sua função- que eu avisarei nossos defensores como emissário que sou. (Emissário local -do vigia- diz ao este)

80. - Emissário, combaterei a Fenton, pegarei sua artilharia e erguerei uma fortaleza. (Higino -capitão e navio espanhol- diz a Fenton)

81. - Festejaremos a vitória e a vigilância possível. (Adorno – sogro de Wdiz aos combatentes e aos locais)

82. - Antevejo hoje a Fortaleza da Barra construída, a partir da frota de Fenton ontem dividida: e ao fundo da barra “Santa Maria de Bergoin” naufragada, mesmo Withal deixando sua madeira com metal forrada. Ward, seu vice-almirante, perdeu para Jerônimo Leitão, governante, quando para o Flores Valdez não foi páreo, que afugentou esse corsário. No espantar desse corsário daqui, à André Higino paz atribuí. Depois seu canhão pouca saudade deixou, quando contra a liberdade também mirou. (Adorno – diz aos locais)

Ato contínuo – Pescaria:

83. Não fico olhando não rememoro não dou atenção não libero entrada a Zumbi que não aporte não debruço nas águas não belicosa não arrependida não resignada disto não reabilitada não amadurecida não garanto resplendor não navego não desperto elementos diametrais não essenciais não sangrados não nutridos por seu não ouvir não silente cada espaço determina ou pelo menos encoraja sua própria espécie de história no que concordo com o geógrafo Franco Moretti (Mulher caiçara - em fluxo de pensamento).

84. - Quando dei a liga pra união de suas pedras, em mudança de postura troquei a moldura. (Mulher - diz à Fortaleza da Barra Grande)

85. – Quando trouxe de além-mar os que te construíram eu pavimentei nosso jardim e desapareceu o jasmim? (Pescador caiçara - diz à Fortaleza)

86. - Eu que testemunho a sua força, nesse novo caminhar faz-me repensar, por sentí-la como a um corvo, que a todos espreita, pois ao abrir de olhos lá está você, pousada e olhando aqueles que a enxerguem. (Guarani - diz à Fortaleza)

87. - Mangue enfraquece seu salto, ou quebra, em mar alto. (Pirata - diz à Fortaleza)

88. - Eu que protegi vocês, me protejam agora, pois a culpa do muro é nenhuma no escuro. (Negro – diz à mulher, pescador, fortaleza e à criança)

89. - Eu que simbolizo o arco da aliança, digo, que em perfume da flor alheia ouvi apenas canto de sereia, (Criança - diz à Fortaleza)

90. Tento cavar um buraco negro no mar daqui com saques a metais nobres trazidos do Rio da Prata por navios fundeados nesse povoado protegidos por cascos forjados em cobre pelo ferreiro Withal casado com a filha de Adorno octagenário dono de engenho de cana de açúcar no século XVI obstada fluidez de pensamento em singradas águas desses mares como na Europa metrificada por invasão dos mouros se o êxtase imobiliza tanto mulher quanto pescador isso faz superfície rasgares movimentares o renascido tempo presente do paraíso que se desfaz a todo instante ao remares ou jogares pedra sim refletes azul infinito (Pirata – em fluxo de pensamento).

91. Tenta-se cavar um buraco branco na praia daqui com lojas, em meio à fluidez de pensamento que se mantém ao caminhar-se em suas areias (Mulher - em fluxo de pensamento).

92. Tenta-se obstar pensamentos forjados em tantas caminhadas com lojas empilhadas sobre buraco descolorido cavado na casa da palavra afastada assim da dança de roda por ausente fruto da cultura caiçara (Pescador – em fluxo de pensamento).

93. Como proteger a palavra estupro emular solitário temeridade ultrajante participação reconhece onanismo será melhor libertar o mantido junto pássaro vou tratar minha cidade como minha querida mulher vou percorrer suas curvas até seus pés descalços como Peruíbe e Itanhaém sem fazer de conta que só tenha cabeça como Santos onde cresçam cabelos como prédios desobstruir artéria:como sua antiga via férrea que me leve ao seu coração como São Vicente permita-me passar por seus seios como Cidade Ocian e Praia Grande faça-me perder em seus braços como Bertioga e Guarujá ei de beijar sua boca voraz como Cubatão (Negro - em fluxo de pensamento).

94. Argentias lançadas pela mão em cascata se dão do sonho é a praia se artimanha espraia o sentir pranteado quase lacrimejado no olhar infantil prateado em anil sem saber o que era vislumbrada quimera argentias ao luar desde a água do mar (Criança - em fluxo de pensamento).

95. - Cria! Repercuta inocência, até nascer camaradagem ameríndia. (Guarani - diz à criança)

96. - Em meio à pequena sombra, os raios de sol - árvore sem folha. Somente o navio é melhor, do que o rebocador, utilizado, que fica no livro mais do que lido, na função de puxar ou apenas de empurrar. Fica onde está até receber aquele estímulo, aquele estímulo recebido onde está? Necessidade navio que estimula, ali, nele navega esse viajante navegador ao ter sido tirado de onde estava parado. Gira na mão movido à correria catavento colorido, colorido catavento, movido à mão correria? (Vigia - em dizer cantado: https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/reboca-o-navio )

97. “No mar da vida meus companheiros de pescaria Coquete Jango Manuel Maria ai quem me dera ter vossa fé vinde vós todos em meu socorro ó Quincas Lopes ó João do Morro velhos caiçaras de Itaguaré que desespero que contratempo quem poderia supor que o tempo ainda há bem pouco de céu azul se transformasse nesse marouço e que eu ficasse, pelo mar grosso sofrendo a fúria do vento Sul no rancho aguardam-me ansiosamente mas quem diria tão de repente que o mar tão manso ficasse mau cheio de abismos peixes vorazes ali na Laje dos Alcatrazes há muito mero muito perau estou perdido chove a canoa desarvorada bordeja à toa e eu me concentro para rezar Virgem das Virgens e ao nome dela subitamente cessa a procela todo de rosas se torna o mar e a lua aponta cobrindo tudo de um manto feito de ouro e veludo tudo aclarando com o seu candor e o barco inteiro chega à Atalaia e eu são e salvo salto na praia volto à choupana do meu amor Nossa Senhora cheia de graça que a vossa bênção feliz me faça me livre sempre de todo o mal tornai-me simples como os pastores como os barqueiros, os pescadores a santa gente do litoral" (Pescador – em fluxo de pensamento, em homenagem a Martins Fontes, “Indaiá - Livro Phostumo, 1937)

98. Fila de espera em animado quintal pular fogueira (Criança - em fluxo de pensamento).

99. Cheiro do botão rosa com pétala desfeita espinha só minha alma que escapa igual formiga contra corrente à seiva no verde da floresta ao balançar do caule silêncio entre si jesuíta e indígena guarani os mais representativos sobreviventes de uma luta cultural colonialista e de resistência para troca de sentimentos relevados ou persistentes em tal luta há pertinente ausência indígena legítima em boa vinda ao jesuíta soldado da cultura católica o que torna perceptível o indizível não silente relevar-se passado sangrento impingido aos dois lados ou perseverança em não ouvirem-se (Guarani - em fluxo de pensamento).

100. Presa no chão diverso em vento que assobia passagem do animal em canto protegido do frio que me açoita mas junta no caminho enamorado beco (Mulher - em fluxo de pensamento).

101. Numa só cavocada terra pra que te quero mandioca pra festa (Negro - em fluxo de pensamento).

102. - Desculpa. Apenas aguardar um perdoar divino, tão improvável quanto pleno amar só vespertino. Relevar humano dispensa pedido e espanta desengano. Lentidão nos passos no ressecado chão - novena de chuva. Você poderá sentir, ter chegado longe seu existir. Administrar sentimentos no self antes de solucioná-los com perdão no céu enfim. (Guarani - em dizer cantado: https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/desculpa )

103. - Água jorra onde menos se espera - alisa a beirada do abismo, pelas mãos do padre também batiza, no choro da criança que esperneia respinga no padrinho que sorri. Numa parede lá da sacristia, na fala úmida que se faz ouvir, sai igual enxurrada, de pessoas, até chegar perto do paraíso - na pia batismal que me habita. Fica olhando, rememorando. Tua atenção libera entrada á Zumbi. Aportada. Debruçada nas águas. Belicosa arrependida? Resignada? Revisitada. Aportada. Garanta resplendor à navegação. Desperta elementos diametrais, essência sangrada. Agora nutra teu ouvir, em silêncio, do finado Barnabé, como verdadeiro “xerife”, daquela praia. Prefiriria chamar a Dona Noquinha a “prefeita”. A Pedrina e seu marido Izaldo, com sua turma, pais de Maria Isabel. Primeiro eu daria uma festa, no sítio do Atílio, regada com sua “Pinga do Guaiúba”. Não sem antes forrar meu estômago com banana, do sítio do engenheiro Américo. Deixaria pro Dr. Hélcio curar o Sr. Bodega, porque isso tá parecendo mais um causo daquele que bebe. Eu pediria ajuda pro Barbosa, aquele pescador da vizinha Praia do Goes. Pro Manoel Januário Ferreira, daquela padaria do canal da barra, do lado de Santos, em invisibilidade – ética, que é a estética da alma. (Pescador - diz à plateia)

104. - Essa minha ficção - aventada, invade a sua realidade - vivida. Se seu ensaio referencia o mensurável, já o meu é, praticamente, arreliação descabida. Fecho meu conto, presunçosamente adulto, para abrir meus ouvidos ao que há, em sua história, de força motriz que toca meu coração, desarvorado, procurando sua raiz. (Pescador - diz à plateia)

Ato contínuo - baixar de cortinas:

105. Caiçara Poética: Praça Benedicto Calixto.sp.com espaço Plínio Marcos - lufada inspiradora.Cenários, além de atores, no encontro paralelo. Parecem deslocados da maresia, na ausência de estátua do Plínio, a pesar no sebo armado, ao lado de pequeno arena. Instigam reflexão, àquele de Santos, quando lá geram um dizer poético seu, na estranheza - ausente paisagem. Pretenso público, sentado no arena... audição pra sarau? Há complemento disso, na praça do aquário. Acolá hálito de gastronomia, substitui poema. Ali só, brumas e fluidez, testemunho não justifica. Depara-se com a imensidão do mar, horizonte, céu, estátua do pescador caiçara e seus ingredientes, ao falar, aspira pertencimento, à vida. (Criança com todos os atores - em dizer cantado, à plateia, https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/caicara-poetica ). 

FIM


terça-feira, 26 de julho de 2016

Caiçara - Musical, projeto/PROAC.

Dramaturgia – Musical/ PROAC 2016:

a) Edital; 

b) Projeto autoral de Ricardo Rutigliano Roque. 

a) Edital: 

VI. DOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A INSCRIÇÃO ON-LINE 

6.1. PROJETO. 

O projeto deverá ser enviado através do Sistema on-line, em formato ‘pdf’, em um único arquivo no tamanho de até 12 Mb. Os itens obrigatórios que deverão constar nesse único arquivo ‘pdf’, necessariamente nessa ordem, são os seguintes: 

6.1.1. Formato do projeto: Fonte: Arial / Tamanho da fonte: 12 / Espaçamento entre linhas: 1,5 cm / limite de 20 (vinte) páginas; 

a) Resumo do projeto; 

b) O que será realizado? 

· Descrever: concepção dramatúrgica, referências estéticas, bases da pesquisa, personagens, tempo e espaço; 

· Trecho do texto de dramaturgia (máximo de 05 páginas); 

c) Quem é o proponente e equipe envolvida? 

· Currículo do proponente (máximo de 02 páginas); 

· Qualquer texto de autoria do proponente publicado ou não como referência para análise da Comissão de Seleção (máximo de 02 páginas); 

d) Para quem será realizado? 

· Perfil do público-alvo; 

· Plano de Divulgação do projeto, caso houver; 

e) Quando será realizado? 

· Cronograma de trabalho, conforme o prazo máximo previsto neste Edital; 

f) Anexos: 

· No caso em que o projeto proposto contemplar qualquer forma de publicação de trabalho de terceiros, o proponente deverá comprovar a respectiva opção de cessão dos direitos autorais; 

· Informações adicionais do projeto: máximo de 05 (cinco) páginas e/ou no www.youtube.com, em local indicado no Sistema on-line. 

6.2. DOCUMENTAÇÃO. 

A documentação deverá ser enviada através do Sistema on-line, em formato ‘pdf’, em um único arquivo no tamanho de até 5 Mb. Os itens obrigatórios que deverão constar nesse único arquivo ‘pdf’, necessariamente nessa ordem, são os seguintes 

a) Declarações devidamente assinadas, conforme Anexo I e Anexo II; 

b) Cópia simples do documento de identidade (oficial) do proponente que contenha R.G. e foto [ou outro documento de identidade com força legal (carteira de trabalho, de motorista, de entidade oficial de classe, etc.)]; 

c) Cópia simples do CPF (válido) do proponente ou documento de identidade que contenha o número do CPF. 

6.3. Não será aceita qualquer complementação, modificação, substituição ou supressão de documentos indicados nos subitens ‘6.1’ e ‘6.2’, após o recebimento do pedido de inscrição, exceto quanto ao disposto no subitem ’10.1.1’. 

6.4. Não serão aceitos documentos rasurados, ilegíveis ou com prazo de validade vencido. 

VIII. DOS CRITÉRIOS DE ANÁLISE DO PROJETO 

8.1. O julgamento dos projetos será efetuado considerando os seguintes critérios: 

a) Criatividade e inovação; 

b) Clareza da escrita literária; 

c) Diversidade temática e estética. 

b) Projeto: 

CAIÇARA – MUSICAL. (P R O J E T O) 

a) Resumo do projeto: 

b) O que será realizado? Livro. 

Descrever: 

. concepção dramatúrgica: musical em 105 dizeres poéticos: 76 prosaicos, 6 musicados e 23 fluxos de pensamento, lúdicos, do cotidiano caiçara e luta de capa e espada de invasores. 

. referências estéticas: 

. cenográficas - capa e espada, caiçaras e elementos naturais, em filme autoral, com imagens e dizeres, linkado, excluídas as músicas ali sincronizadas - de terceiros, nesse vídeo: Fortaleza da Barra Grande - https://www.youtube.com/watch?v=AQ4it4iXleE

. musicais: 

. Pescador Caiçara – em dizer musicado: https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/presente-ausente-1 ) ; 

. Mulher Caiçara - em dizer musicado - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/sua-musica ); 




. Criança com todos os atores - em dizer cantado, à plateia, https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/caicara-poetica ). 

. bases da pesquisa - literatura:

. histórica: SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P.;

. poética: e “Indaiá” – Martins Fontes, Livro Phostumo – 1937. 

. personagens: vide em índice – abaixo: caiçaras, piratas, almirante espanhol, autoridade local, lúdicos elementos naturais. 

ÍNDICE – dos dizeres e das entradas em cena dos personagens: 

Primeiro ato – Cardume: Pescador Caiçara – em dizer musicado (1). Pescador caiçara – em fluxo de pensamento (2). Mulher caiçara – em fluxo de pensamento (3). Pescador caiçara – em fluxo de pensamento (4). Mulher caiçara – em fluxo de pensamento (5). Pescador – em fluxo de pensamento (6). Mulher – em fluxo de pensamento (7). Pescador – em fluxo de pensamento (8). Mulher – em fluxo de pensamento (9). Pescador – em fluxo de pensamento (10). Mulher - em dizer musicado (11). Negro, em dizer musicado (12). 

Ato contínuo - Conto Entre Nuvens Um Passarinho Assustado: Pescador Caiçara – em fluxo de pensamento (13). Criança caiçara – diz ao pescador caiçara (14). Pescador – diz a seu filho (15). Criança – diz ao pescador (16). Pescador – diz a seu filho (17). Criança – diz ao pescador (18). Pescador – diz a seu filho (19). Criança – diz ao pescador (20). Pescador - diz a seu filho (21). Criança – diz ao pescador (22). Pescador - diz a seu filho (23). Criança – diz ao pescador (24). Pescador - diz a seu filho (25. Criança – diz ao pescador (26). Pescador - diz a seu filho (27). Criança – diz ao pescador (28). Pescador - diz a seu filho (29). Criança – diz ao pescador (30). Pescador - diz a seu filho (31). Criança – diz ao pescador (32). Criança – diz à fuligem da queima da cana de açúcar (33). Fuligem – diz à criança (34). Preta nuvem – diz à criança (35). Criança – diz à preta nuvem e à fuligem (36). Preta nuvem - diz à criança (37). Criança – diz à fuligem (38). Fuligem – diz à criança (39). Preta nuvem – diz à criança (40). Céu azul – diz à preta nuvem e fuligem (41). Criança – diz à nuvem branquinha (42). Nuvem branquinha – diz à criança (43). Preta nuvem – diz à nuvem branquinha (44). Nuvem branquinha – diz à preta nuvem (45). Preta nuvem – diz à fuligem e à fumaça (46). Fumaça – diz à preta nuvem (47). Preta nuvem – diz à nuvem branquinha (48). Nuvem branquinha – diz à fumaça (49). Criança – diz à nuvem branquinha (50). Fumaça e Fuligem – dizem à criança (51). Criança – diz à fumaça (52). Fuligem, preta nuvem e fumaça – dizem à criança (53). Passarinho – em fluxo de pensamento (54). Negro – diz ao pescador (55). Pescador - em fluxo de pensamento (56). 

Segundo ato – Mar Selvagem: Fenton -almirante corsário inglês- diz a seus marinheiros (57). Capitão espanhol -em navio saqueado- diz a seus marinheiros (58). Ward -vice-almirante corsário inglês- diz aos capitães de sua esquadra (59). 

Fenton – diz a Ward (60). Withal -inglês local- diz em terra ao sogro Adorno (61). Withal -a bordo- diz a Fenton (62). Withal -em terra- diz aos locais (63). 

Anônimo local – diz aos locais (64). Emissário de Leitão -capitão mor e governador da província- diz aos locais (65). Ward - diz a Fenton (66). Fenton – diz a Ward (67). Ward - diz a Fenton (68). Fenton – diz a Ward (69). Fenton – diz a Withal e Adorno (70). Fenton – diz a Ward (71). Adorno – ancião local, sogro de Withal e de posses, diz a todos locais, segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P. (72). Fenton – diz a Ward (73). Withal - diz aos locais (74). Capitão Espanhol -no navio da esquadra espanhola avariado na escaramuça- diz ao Almirante Valdez (75). Valdez -almirante da esquadra espanhola- diz a Higino (76). Higino -vice almirante da esquadra espanhola- diz a Valdez (77). Vigia local -do morro do vigia- em fluxo de pensamento, em "24 de janeiro de 1584...", segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P. (78). Emissário local -do vigia- diz ao este (79). Higino -capitão e navio espanhol- diz a Fenton (80). Adorno – diz aos combatentes e aos locais (81). Adorno –ancião local– diz aos locais (82). 

Ato contínuo – Pescaria: 

Mulher caiçara - em fluxo de pensamento (83). Mulher – diz à Fortaleza da Barra Grande (84). Pescador caiçara - diz à Fortaleza (85). Guarani - diz à Fortaleza (86). Pirata - diz à Fortaleza (87). Negro – diz à mulher, pescador, fortaleza e à criança (88). Criança - diz à Fortaleza (89). Pirata – em fluxo de pensamento (90). Mulher – em fluxo de pensamento (91). Pescador – em fluxo de pensamento (92). Negro – em fluxo de pensamento (93). Criança – em fluxo de pensamento (94). Guarani – diz à criança (95). Vigia - em dizer cantado (96). Pescador – em fluxo de pensamento (97). Criança – em fluxo de pensamento (98). Guarani - em fluxo de pensamento (99). Mulher - em fluxo de pensamento (100). Negro - em fluxo de pensamento (101). Guarani - em dizer cantado (102). Pescador – diz à plateia (103). Pescador – diz à plateia (104). 

Ato contínuo - baixar de cortinas: Criança com todos os atores – em dizer cantado, à plateia (105). 

. tempo: 1584-2016. 

. espaço: mar, terra – mata e praia, céu. 

Trecho do texto de dramaturgia (máximo de 05 páginas): 

CAIÇARA – MUSICAL.

Primeiro ato – Cardume:

1. Torço por sua existência, ativa amorização, encontro-a natureza. Evocada noite escura. Paladar que amo, transcende o querer, audição do sonho. Que amanheça clara. Enxergo-a água – fruído sentir, presente-ausente. Longe de entardecida. Aromatizada, traduzida em verbo – sentimento vai. Guardada no infinito. Além do relicário – está pulsante lá, pisando a areia. Torço por sua existência, Guardada no infinito. (Pescador Caiçara – em dizer musicado: https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/presente-ausente-1 ) .
...
11. - Você traduz partido alto qual areia induz andar sem salto. Venha de longe chega mais perto sua voz é meu dado certo. Canal leva meu pensamento pra maré balançar o firmamento. A vida lá fora ao som transcendo letra atrás desse momento. (Mulher - em dizer musicado - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/sua-musica )
12. - Canta compartilha hoje hino até antecipa, resgata rua luz, louva, emana, emoldura anterior à ulterior unidade, xamã xavante - brincante Charleaux árvore verde - sombreado chão uma folha amarelada na infância a brincadeira acontece: ninguém se amola, o brinquedo é sorridente e o brincante se apetece na adolescência o brincante extrapola, fica e namora: é mambembe como uma bola o adulto necessita de segredo: é cúmplice a olhos vistos, em olhares que o engrandeça e evitem seu degredo Cativa colheita - hombridade hermosa, ainda acolhedora, retidão reina lida livre, embaixador emudece, àquele adianta um ultimato - xô xadrez. (Negro, em dizer musicado - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/brincante-charleaux )

Ato contínuo - Conto Entre Nuvens Um Passarinho Assustado:
13. Em frente à praia ao lado da reserva Juréia-Itatins de costas pra Mata Atlântica você meu filho mostre a mim seu pai o que vê no céu (Pescador Caiçara – em fluxo de pensamento).
14. – Ó, pai! (Criança caiçara – diz ao pescador caiçara)
15. - Sim, é uma nuvem! (Pescador – diz a seu filho)
16. - Vê, ali! (Criança – diz ao pescador)
17. - É, mudou de lugar! (Pescador – diz a seu filho)
18. - Bonita é, também, aquela! (Criança – diz ao pescador)
19. - É a branquinha! (Pescador – diz a seu filho)
20. - Parece que flutua! (Criança – diz ao pescador)
21. - Quer uma igual? Come esse doce. (Pescador - diz a seu filho)
22. - Nhac... Hummm! (Criança – diz ao pescador)
23. - É bom, né? (Pescador - diz a seu filho)
24. - Aquela é pretinha! (Criança – diz ao pescador)
25. - É, ela tem água. Toma essa água. (Pescador - diz a seu filho)
26. - Glub, glub... Hummmm! (Criança – diz ao pescador)
27. - Matou a sede, né? É a goiabada, com queijo. Romeu e Julieta, que dá sede, nessa nossa festa de Cosme e Damião. (Pescador - diz a seu filho)
28. - Você também consegue pai, se abaixar como eu, pra beber água, no rio? (Criança – diz ao pescador)
29. - Já teria se abaixado, pra pegar doce, mas aqui você recebe na mão, em festa de Cosme e Damião. (Pescador - diz a seu filho)
30. - Pai. Posso ir à casa de mãe, lá na mata, que é pra pedir água e doce? (Criança – diz ao pescador)
31. - Vai lá, filho, e suba a escada, e fora da casa, pra escolher a nuvem certa, pra desta beber, mas não faça amizade com quem deixe rastro, nesse caminho de areia. (Pescador - diz a seu filho)
32. - Subirei nessa árvore. Na água empoçada se vê o contorno, sombreado de algo, que paira no céu. (Criança – diz ao pescador)
33. - Olá preta nuvem. Você tem água pra matar minha sede? (Criança – diz à fuligem da queima de cana de açúcar)
34. - Sou nuvem preta, mas oriunda da queima das folhas da cana de açúcar. (Fuligem – diz à criança)
35. - Eu sim, sou preta nuvem, tenho água, antes de ir lá - à plantação, naquele céu azul, seco e quente. (Preta nuvem – diz à criança)
36. - Qual a velocidade, que vocês atingem? (Criança – diz à preta nuvem e à fuligem)
37. - Aquela, do vento que me traz. (Preta nuvem - diz à criança)
38. - Como você é recebida, ao ser, percebida, fuligem? (Criança – diz à fuligem)
39. - Como a um moleque, travesso, por repetidas vezes. Ela também, a preta nuvem, mas, eu apareço em duas safras por ano. (Fuligem – diz à criança)
...
53. - Somos nuvens pretinhas, mas, com conteúdos e qualidades diferentes. (Fuligem, preta nuvem e fumaça– dizem à criança)
54. Diversão passageira pé d’água apaga pegadas na areia (Passarinho – em fluxo de pensamento).
56. O dia me é boa manhã ensolarada na praia com pequeno ao chão tão pequeno fui memória praia acompanha no baixar de cabeça pequeno foco concretude norte abstraída intrépido poema num querido convívio como me atrai contraste semente praia útero onde pequenos criam sinto a força com pequeno aos braços peso às costas qual o que, leveza sustentável demarcada na maciez das areias nuances vivenciam querer estímulo ator e cenário fundem contemporâneo e passado longe do anacronismo o amanhã todavia me é bom anoitecer enluarado mesmo só retorno elas em mim virão memórias erguidas enquanto olhar o ainda distante horizonte (Pescador - em fluxo de pensamento).

Segundo ato – Mar Selvagem:
57. - À luta! Vamos saqueá-lo! (Fenton -almirante corsário inglês- diz a seus marinheiros)
58. - Defendamo-nos do saque... o metal nobre trazido do Rio da Prata foi lavrado para a coroa espanhola. (Capitão espanhol -em navio saqueado- diz a seus marinheiros)
59. – Vencemos! Orientar a estibordo rumo a Santos... (Ward -vice-almirante corsário inglês- diz aos capitães de sua esquadra)
60. - Sendo Santos tal e qual Withal afirmou, admito que será um porto seguro para o conserto do casco e para novos saques. (Fenton – diz a Ward)
61. - Adorno meu sogro! Preciso trabalhar, como ferreiro e carpinteiro que sou, apesar de nosso parentesco e sua respeitosa riqueza e sabedoria. Além do que, veja o estado do casco inglês! (Withal -inglês local- diz em terra ao sogro Adorno)
62. - Fenton, coopero com você e digo: os portugueses, mulheres e crianças saíram da vila; os navios deverão ancorar junto à vila para permanecerem visíveis, tranqüilizando-os. (Withal -a bordo- diz a Fenton)
63. - Gente daqui, os ingleses necessitam consertar o casco do navio e eu necessito desse trabalho. (Withal -em terra- diz aos locais)
64. - Confiamos no Withal, que necessita trabalhar no que sabe, mas estaríamos dando porto seguro a saqueadores nesse conserto do casco... (Anônimo local – diz aos locais)
...
71. - Adorno! Ofereço a você seda e veludo. (Fenton – diz a Ward)
72. - Ouçam todos... “Gente de Santos não se entende com reconhecidos piratas”. (Adorno – ancião local, sogro de Withal e de posses, diz a todos locais, segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P.)
73. - Ward, eu confiei em Withal nessa empreitada e agora... (Fenton – diz a Ward)
74. - Gente daqui... estou arrependido do pacto que confesso ter feito com Fenton, em facilitar-lhe porto seguro para saques a espanhóis... (Withal - diz aos locais)
75. - Almirante Valdez; fomos atacados. Trata-se de saque corsário inglês e agora estamos à deriva. (Capitão espanhol -no navio da esquadra espanhola avariado na escaramuça- diz ao Almirante Valdez,)
76. - Higino! Renascemos na consciência. Vá numa defesa de Santos. (Valdez -almirante da esquadra espanhola- diz a Higino)
77. - Valdez, reparando nossa pouca vigilância, vou a Santos. (Higino -vice almirante da esquadra espanhola- diz a Valdez)
78. - Como vigia professo fé na vigilância. Avisto a armada espanhola na boca da barra e a armada inglesa no estuário, ajudado pela luz do luar. (Vigia local -do morro do vigia- em fluxo de pensamento, em "24 de janeiro de 1584...", segundo SANTOS, F.M. – “História de Santos”; 1º volume, pág. 137-8, 2ª ed.1986; Ed. Caudex São Vicente - S.P.)
...
82. - Antevejo hoje a Fortaleza da Barra construída, a partir da frota de Fenton ontem dividida: e ao fundo da barra “Santa Maria de Bergoin” naufragada, mesmo Withal deixando sua madeira com metal forrada. Ward, seu vice-almirante, perdeu para Jerônimo Leitão, governante, quando para o Flores Valdez não foi páreo, que afugentou esse corsário. No espantar desse corsário daqui, à André Higino paz atribuí. Depois seu canhão pouca saudade deixou, quando contra a liberdade também mirou. (Adorno – diz aos locais)

Ato contínuo – Pescaria:
83. Não fico olhando não rememoro não dou atenção não libero entrada a Zumbi que não aporte não debruço nas águas não belicosa não arrependida não resignada disto não reabilitada não amadurecida não garanto resplendor não navego não desperto elementos diametrais não essenciais não sangrados não nutridos por seu não ouvir não silente cada espaço determina ou pelo menos encoraja sua própria espécie de história no que concordo com o geógrafo Franco Moretti (Mulher caiçara - em fluxo de pensamento).
84. - Quando dei a liga pra união de suas pedras, em mudança de postura troquei a moldura. (Mulher - diz à Fortaleza da Barra Grande)
85. – Quando trouxe de além-mar os que te construíram eu pavimentei nosso jardim e desapareceu o jasmim? (Pescador caiçara - diz à Fortaleza)
86. - Eu que testemunho a tua força, esse novo caminhar faz-me repensar,. (Guarani - diz à Fortaleza)
87. - Mangue enfraquece seu salto, ou quebra, em mar alto. (Pirata - diz à Fortaleza)
88. - Eu que protegi vocês, me protejam agora, pois a culpa do muro é nenhuma no escuro. (Negro – diz à mulher, pescador, fortaleza e à criança)
89. - Eu que simbolizo o arco da aliança, digo, que em perfume da flor alheia ouvi apenas canto de sereia, (Criança - diz à Fortaleza) 
... 
103. - Água jorra onde menos se espera - alisa a beirada do abismo, pelas mãos do padre também batiza, no choro da criança que esperneia respinga no padrinho que sorri. Numa parede lá da sacristia, na fala úmida que se faz ouvir, sai igual enxurrada, de pessoas, até chegar perto do paraíso - na pia batismal que me habita. Fica olhando, rememorando. Tua atenção libera entrada á ... do canal da barra, do lado de Santos, em invisibilidade – ética, que é a estética da alma. (Pescador - diz à plateia)
104. - Essa minha ficção - aventada, invade a sua realidade - vivida. Se seu ensaio referencia o mensurável, já o meu é, praticamente, arreliação descabida. Fecho meu conto, presunçosamente adulto, para abrir meus ouvidos ao que há, em sua história, de força motriz que toca meu coração, desarvorado, procurando sua raiz. (Pescador - diz à plateia) 

c) Quem é o proponente e equipe envolvida? (Currículo do proponente - máximo de 02 páginas): 

Ricardo Rutigliano Roque: Em Santos, Catando Guaru - contos, livro classificado no Facult de Santos - 2011 (inédito); Fortaleza da Barra Grande - prosa, Poesia à Rua, Caiçara em Haicai, Uma Chama Atlântica, Da Mata Atlântica ao Neruda e Diálogo Caiçara com Saturnino de Brito - poesias, (publicados / Caiçara Catadora de Capa Artesanal) 2013-4; Mar Selvagem - romance, classificado no Prêmio SESC de Literatura - 2015 (inédito). 

· Qualquer texto de autoria do proponente publicado ou não como referência para análise da Comissão de Seleção (máximo de 02 páginas): 

Mulher Caiçara - Autor: Ricardo Rutigliano Roque. (*) 

   Sua delicadeza surge, nesse contexto, em penhasco com ar de passarinho e mergulhão, olhando a praia de menino em canoa de pescador, sobre mar de cardume, onde a pura ação movimenta, com o sentir amoroso nessa lúdica presença, que mais se aproxima da existência, em ato de busca. Brincadeiras na mata e poesia pelas ruas interiorizam, nesse movimento, seu frescor sob brancos lençóis, com dobras de marolas trazidas do caminho das águas. Mulher caiçara banha sua filha, com mãos calejadas pelo tecer da rede de pesca, em descanso de seu caminhar continente para conquista de sabor, na sua permanência insular, com troca de aromas. No mar de diálogo vai, em correnteza oceânica do viver, com bucólica remada de aproximação ao horizonte incerto. 
   Gerada presentificação, própria da europeia, com pitadas de sonoridade africana e de plasticidade guarani, com sua história fragilizada, no medo imposto por incorretos, mas, com adquirida fortaleza, disfarçada em aparência amedrontada, dos corretos, e longe de vitimizada, sob a ética do benefício herdado da ascendência. A sua cultura de mulher caiçara evoca, em linhas guardadas próximas à sombra de paciente espera, o seu mistério, com quantidade de nós que permeiam a menina que escuta, e cortiças que flutuem junto ao menino que lhe fale. Ela como personagem se sente protagonista - nessa tessitura, mais coadjuvante em ondas do que esse narrador em vagalhão da saudade, tão desdobrados, mas companheiros em degustação de maresia, em rebeldia. Está na evocação do limite, de mar circunscrito, esse avizinhamento, mas, que em maré vazante vai, até se distanciar, em conquista de água oceânica coberta em brumas, em vazantes e enchentes. Este fluxo está, ao adentrar o canal do estuário, longe de manobras exóticas, como em suas veias, para percepção do que há, ao passar pelo deck dos sentidos, até umedecer a aridez da areia em próxima praia, a partir dali palmilhada. 
   Há ambiente, em roteiro desde a nascente do Tejo que a remete à Europa, e à África até a Fonte de Itororó, depois de percorrido o rio chamado Atlântico, como sua artéria e, já aqui refrescado, como em suas narinas, pelo vento até a Serra do Mar - emoldurada por nuvens, pensamentos que evocam vulcões de Araucania - intuições, e lava expelida pelo Vesúvio – lembranças desde 1902. Essa geografia emocional é, de inquietude, denotada em fenomenologia de atos e de passivas percepções. 
   Vivificada memória em suas cartas, chacoalhadas no abrir de sua bolsa, sobre contexto disfuncional, com poeira de grande viagem. Desde a distante Europa, onde os detratores permanecem sob silenciado mosaico de intransigência à anárquica presença, sua, e da África de mais antiga influência à submissão, chegando à sedutora Mata Atlântica. Agora passa, em intimista distância, suas vistas por morros, na Ilha de São Vicente: desde o tormentoso Morro do Lima - derrocado para aterro, até o sonhado Morro do Itararé – mirante do cais do Porto de Santos e praias, onde os caiçaras formam quebra-cabeça, em estabelecidos epicentros, que seus ombros sustentam. 
   Percepção do menino em pluvial água e da menina em salobra mistura, ambos acalentados como pequenos peixes guarú, estes que saem mesmo protegidos por comportas em canais de Saturnino de Brito, como de sua boca as palavras. No abrir de barbatana, em toques mútuos, assim, em seus mais recônditos nichos, como uma só isca viva, enlevados por anzol cognitivo, a mulher convive com predadores, que passam por sua mão em aleatória escolha, vazante, na busca de partilha maior, em trajeto sem sombras de pedras, como se não houvessem ossos, mas, das mais fortes ondas, profundas correntezas e remansos, cujas superfícies refletem, como sua esperança, o céu. 

* Prêmio - máximo: "Menção Honrosa" - certificado. Júri: Marcelo Rayel Correggiari, Maurilio Campos e Sueli Aparecida Lopes. Tema: Mulher Caiçara. 
I Concurso Literário - 2016, de Crônicas do Acervo dos Escritores Santistas. 

Categoria: adulta. Data: 15 de março de 2016. Comemoração: "Dia Internacional da Mulher" e "Semana da Cultura Caiçara", em seu último e primeiro dia, respectivamente (**). 

** "Semana da Cultura Caiçara inicia com evento literário'. 'A Biblioteca Municipal Mário Faria (Posto 6 da orla) recebe programação da 3ª. Semana da Cultura Caiçara, que tem início. Entrada franca. A partir das 16h, a mulher caiçara homenageada no 1º Concurso Literário de Crônicas do Acervo dos Escritores Santistas. O evento, realizado na Biblioteca Mário Faria, também celebra o último dia da Semana Internacional da Mulher." (Diário Oficial de Santos, página A 7, 15 de março de 2016). 

d) Para quem será realizado? 

· Perfil do público-alvo: crianças, adolescentes, adultos jovens e senescentes. 

. Plano de Divulgação do projeto, caso houver: 

. entrega do livro – aqui patrocinado, à biblioteca de escolas – municipal ou estadual, de nove municípios da Baixada Santista, na manhã da primeira sexta-feira de cada mês – do ano letivo, assim: 

.. Bertioga – março; 
.. Cubatão – abril; 
.. Guarujá – maio; 
.. Itanhaém – junho; 
.. Mongaguá – agosto; 
.. Peruíbe – setembro; 
.. Praia Grande – outubro; 
.. Santos – novembro e 15 de março na biblioteca Mário Faria; 
.. São Vicente – dezembro. 

e) Quando será realizado? 

· Cronograma de trabalho, conforme o prazo máximo previsto neste Edital: 

. impressão em gráfica – já está pronto para assim proceder; 
.. entrega – presencial desse autor, para leitura em roda de conversa, em bibliotecas municipais, e à biblioteca de uma escola – municipal ou estadual, cada município, nas datas descritas: 
.. Bertioga – março; 
.. Cubatão – abril; 
.. Guarujá – maio; 
.. Itanhaém – junho; 
.. Mongaguá – agosto; 
.. Peruíbe – setembro; 
.. Praia Grande – outubro; 
.. Santos – novembro e 15 de março na biblioteca Mário Faria; 
.. São Vicente – dezembro. 

D E C L A R A Ç Ã O 

   Eu – Rogério Baraquet, brasileiro natural de ............. (cidade natal), solteiro, músico, RG nº ........... , CPF nº .................., residente à rua ........................ (nome), nº ....., no bairro ............ (nome), em São Vicente, CEP .......... (nº.), parceiro nas composições musicais de Ricardo Rutigliano Roque, declaro ceder, por esse instrumento, os direitos autorais das seguintes obras: 







   Tal fato deve-se ao cumprimento do edital, quando diz, assim: “No caso em que o projeto proposto contemplar qualquer forma de publicação de trabalho de terceiros, o proponente deverá comprovar a respectiva opção de cessão dos direitos autorais;” ( f) Anexos; 6.1 Projeto; VI dos documentos necessários para a inscrição on-line; em com observância na Lei Federal nº 8.666 de 21 de junho de 1993, Lei Federal nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998 (Lei de Direitos Autorais), no que couber, na Lei Estadual nº 6.544, de 22 de novembro de 1989, e alterações posteriores, Lei Estadual nº 12.268, de 20 de fevereiro de 2006, bem como toda a legislação complementar relacionada ao ProAC, descrito no EDITAL Nº 34/2016 DO PROGRAMA DE AÇÃO CULTURAL “CONCURSO PARA BOLSA DE INCENTIVO À CRIAÇÃO LITERÁRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO - TEXTO DE DRAMATURGIA”. 
   Por ser verdade, firmo a presente. 
   São Vicente, 28 de julho de 2016. 
_____________________________ 
Rogério Baraquet.