Na travessa nua
golpeias meu sono
ao nascer da lua.
Mandas como a um cão –
num beco de rua.
Interfonas não!
Só, dentro de mim,
parece esquina.
Edifício não,
este minha sina,
pesadelo é –
vazio e de pé!
Tocas telefone
pra um zelador,
de lá não se escuta -
esta ligação:
“corra, interfona,
manda um chorão”!
Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
foge do assédio.
Vizinha pergunta -
vai deixar o prédio!?
Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
balança com tédio.
Vizinha pragueja -
vai quebrar o prédio!
Diante de mim
explode em ruína –
edifício sim,
assim me anima -
tão desmoronado,
choro mareado!
Areia sem luz
assim não alisa,
tamanho induz
aquece sem brisa.
Caiçara em prédio
não mora no tédio!
Diante de mim
e não tão acima
edifício sim
assim se sublima -
mais apequenado,
no choro ninado.
Ricardo Rutigliano Roque (musicado por Ulysses Mansur).