sexta-feira, 7 de julho de 2017

Dizeres e Canções - Caminhada Poética à Saturnino de Brito./2017.


Canções à Saturnino de Brito, 1 - 8 na concha acústica, ou cada uma delas em cada parada da Caminhada Poética.
Que tal?

1) Minha Antropofágica Santos - na "estátua do Saturnino de Brito" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/minha-antropofagica-santos

Ao Saturnino de Brito, esse dizer:

1') Pensil à Ponte, o Saturnino de Brito.

Jardim dessa praia
empresta perfume.
Na Camélia há
a ternura alva,
um presente ao frio -
anuncia rega.

Em nosso sentir
evocação seca,
mas tão generoso -
traz contraste à
fala que apaixona,
para que encante.

Enquanto os barcos
levavam seus frutos,
prancheta à mão
elegante gesto -
despinguela tempo,
sobre essa passagem.

Antigo trabalho.
Regiões nativas.
O inegável une.
Nutrida ontológica!
De emaranhados
banhados, regatos.

De tão navegável,
quanto onipresente,
se presta à caminho -
nosso Mar Pequeno,
vai do continente
à ilha vizinha.

Em certeza há
viver o presente.
Transcendente sábio -
do Catiapoã
vai ao Japuí,
justo à viagem.

Sugestiva Arte
a mente sacia -
música em alma.
Flutua em bruma
o meu pensamento
matéria celeste.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/06/pensil-ponte-saturnino-de-brito.html?m=1

2) Gratidão no Sarau, na "concha acústica" - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/gratidao-no-sarau2

2') Lebiste no Canal - Seu Porto, Meu Parto.

Retornas líquida, 
carícia à ponta - 
mucosa quente,
dente aporta.
Fechados olhos - 
sentir-te inspira.

Querer eterno - 
expiras posse.
Vai-vem da água, 
presente agora, 
perfume à boca, 
recebes beijo.

Mitômano impõe
o querer asfalto,
a Cultura supõe
Caiçara praia
Fandango catraia,
pescar em mar alto.

Estacionar carro -
pleito tão impróprio,
cimenta canal
nariz de Pinóquio,
em destombamento
pra um rolamento.

Peixinho alerta,
comporta aberta,
vai ao oceano,
vereador bão
é aquele mano /
tombamento são.

Sêmen agiliza
pro espermatozóide,
carro paralisa -
canal com lebiste,
este ao comer larva
mosquito inexiste!

Canal referência
nossa Santos é
água com um brilho,
tenha paciência,
no jardim da praia,
querer monotrilho.

Complexo de Bárbie -
sobre o canal,
acontece nada
pra sua amada,
claudica ação
sem a sua mão.

Ida à cavaleiro,
mas é um meieiro,
todo amedrontado
se perpetuado -
estacionamento,
só apressamento.

Bizarro rato é,
bueiro pra fora/
força da maré -
canal num vulcão,
se fechado agora,
haverá pressão.

Luz resoluta - 
calor o teu. 
Brinco enroscado - 
meu sentir frio.
Nasço de ti - 
canal estreito.

Respiro-te
cama no parto -
meu mar deixado,
oceano à frente,
chego ao mundo,
meu universo.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/06/lebiste-no-canal-seu-porto-meu-parto.html?m=1

3) Brincante Charleaux, na "estátua do Vicente de Carvalho" - 
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/brincante-charleaux

À Vicente de Carvalho, o dizer:

3') Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho.

Fica em digna postura -
pra sua alma irreprimível 
remar mais do que é seu barco. 

Há ousadia da maré 
endereçada aos ouvintes 
dentre eles está você. 

Pluvial água - percepção menino, 
nesse fluxo está ao adentrar 
no canal do estuário, longe perto - 
manobra exótica como a sua, 
veia para navegação do que há, 
ao passar pelo deck dos sentidos. 
Até umedece a aridez - 
areia em próxima praia palmilha. 

Percepção há de haver que 
transcreva antologia imersa 
na ausência de alguns sabores. 

Já que você é homenagem, 
em alquimia à transformar 
versos naquela maresia. 

Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho - 
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta, 
ladeado em aconchego de uns traços 
benedictino-calixtos em suas águas, 
mar - por ambos assistido, é atlântica 
desembocadura – no céu, são lonjuras. 

http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/2016/04/atlantica-desembocadura-rumo-ao-barco.html

4) Uma Santos, na "Pinacoteca Benedicto Calixto" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/uma-santos-2

À Pinacoteca Benedicto Calixto, esses dizer:

4') Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho.

Disponíveis recortes mimos, 
remados pelo seu barqueiro 
insubmisso aos navegantes. 

Dá leitura aos cem barcos nus, 
pra presenciar oceano - 
sentir entregue ao olhar.

Menina em salobra mistura há, 
acalentado peixinho guarú, 
esta evocação de limite – mar, 
circunscrito nesse avizinhamento, 
mas, em maré vazante vai até 
se distanciar na conquista d’água 
oceânica encoberta em brumas, 
em vazantes e enchentes - você.

Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho - 
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta, 
ladeado em aconchego de uns traços 
benedictino-calixtos em suas águas, 
mar - por ambos assistido, é atlântica 
desembocadura – no céu, são lonjuras. 

Mediante minha leitura, 
que na rede eu sirvo a todos - 
aos pressupostos mais nadantes. 

Fechem essa minha janela 
à nossa não cumplicidade 
pra que a lua não a espie. 

rrr.

http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/2016/04/atlantica-desembocadura-rumo-ao-barco.html

5) Epitáfio de  Amor Filial, na "igreja do Embaré" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/epitafio-de-um-amor-filial

À igreja do Embaré, esse dizer:

5') Pai Nosso Pão.

Torço por sua existência,
ativa amorização,
encontro-o natureza.

Enxergo-o água –
fruído sentir,
presente-ausente.

Aromatizado,
traduzido em verbo –
emoção que vai.

Além do relicário –
está pulsante lá,
pisando a areia.

Paladar que amo,
transcende o querer,
audição do sonho.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2015/11/pai-nosso-pao.html?m=1

6) Choro na Medida, na "biblioteca Mário Faria" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/choro-na-medida

À biblioteca Mário Faria, esse dizer:

6') Choro na Medida.

Na travessa nua
golpeias meu sono
ao nascer da lua.
Mandas como a um cão –
num beco de rua.
Interfonas não!

Só, dentro de mim,
parece esquina.
Edifício não,
este minha sina,
pesadelo é –
vazio e de pé!

Tocas telefone
pra um zelador,
de lá não se escuta -
esta ligação:
“corra, interfona,
manda um chorão”!

Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
foge do assédio.
Vizinha pergunta -
vai deixar o prédio!?

Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
balança com tédio.
Vizinha pragueja -
vai quebrar o prédio!

Diante de mim
explode em ruína –
edifício sim,
assim me anima -
tão desmoronado,
choro mareado!

Areia sem luz
assim não alisa,
tamanho induz
aquece sem brisa.
Caiçara em prédio
não mora no tédio!

Diante de mim
e não tão acima
edifício sim
assim se sublima -
mais apequenado,
no choro ninado.

Roque e Mansur.

http://libertodesi.blogspot.com.br/2016/08/choro-na-medida.html

7) Rebocar o Navio, no "aquário municipal de Santos" - 
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/reboca-o-navio

Ao aquário municipal de Santos, esse dizer:

7') Diálogo Caiçara Navega.
 
   Um caiçara olha o mar. O horizonte é olhado, desde remoto tempo, pelo caiçara. Ele está sobre a ponta do penhasco, tentando avistar o pássaro, que mergulhará na água, pra saciar sua fome com o cardume. O vir-a-ser do mergulhão é o cardume - peixe a ser partilhado.
   O filho do caiçara o avista, desde a praia. As ondas estão brancas de espuma, mas há correnteza que a diminui. O Sol está com seus raios oblíquos, projetando uma sombra rasteira e preguiçosa. Um passarinho às suas costas, voa, livre e solto, com gravetos no bico, pra fazer o seu ninho.
cochilo na praia -
entre dueto de trinados
me espreguiço
   A tarde cai e o caiçara resmunga uma canção, que ninguém ouve.
   - ...mar me ajude, pra com riqueza cruzar e o meu rumo mude, prum horizonte mirar.
   O sinal deixa de ser dado, na ausência de cardume, pro seu par à espera na canoa, que só aguarda pra sair à pesca.
   Fica a canoa, à beira da praia, pro dia seguinte.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2014/10/dialogo-caicara-navega.html .

8) Caiçara Poética, na "estátua do pescador caiçara" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/caicara-poetica

À estátua do pescador caiçara, esse dizer -

8') Ágora Caiçara.

O sol com seus raios
o filho da pesca
da praia avista.
Há sombra rasteira.
Passarinho às costas,
graveto no bico.

Cochilo na praia.
Dueto trinado
preguiça afasta.
Vir à ser menino -
voa, livre e solto,
pra que o mar ajude.

Só peixe sacia,
a fome afasta.
Mergulhão virá,
cardume, partilha.
Espuma da onda
correnteza castra.

Caiçara desnuda
o mar horizonte.
No remoto tempo,
naquele penhasco,
avista o pássaro
que mergulha n'água.

Sinal a ser dado
pro par avistado
a rede soltar -
dia à começar.
Cruzar com riqueza
meu rumo mudar.

A tarde só cai,
a lua levanta.
Portuguesa ama,
guarani à encanta.
O negro sorri
no porto caixotes.

É noite seguinte
fumaça fogueira
conversa fora ágora.
Dançar um fandango.
Tocar a rabeca
pro vento levar.

rrr.

http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/06/agora-caicara.html?m=1