Canções à Saturnino de Brito, 1 - 8 na concha acústica, ou cada uma delas em cada parada da Caminhada Poética.
Que tal?
1) Minha Antropofágica Santos - na "estátua do Saturnino de Brito" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/minha-antropofagica-santos
Ao Saturnino de Brito, esse dizer:
1') Pensil à Ponte, o Saturnino de Brito.
Jardim dessa praia
empresta perfume.
Na Camélia há
a ternura alva,
um presente ao frio -
anuncia rega.
Em nosso sentir
evocação seca,
mas tão generoso -
traz contraste à
fala que apaixona,
para que encante.
Enquanto os barcos
levavam seus frutos,
prancheta à mão
elegante gesto -
despinguela tempo,
sobre essa passagem.
Antigo trabalho.
Regiões nativas.
O inegável une.
Nutrida ontológica!
De emaranhados
banhados, regatos.
De tão navegável,
quanto onipresente,
se presta à caminho -
nosso Mar Pequeno,
vai do continente
à ilha vizinha.
Em certeza há
viver o presente.
Transcendente sábio -
do Catiapoã
vai ao Japuí,
justo à viagem.
Sugestiva Arte
a mente sacia -
música em alma.
Flutua em bruma
o meu pensamento
matéria celeste.
rrr.
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/06/pensil-ponte-saturnino-de-brito.html?m=1
2) Gratidão no Sarau, na "concha acústica" - https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/gratidao-no-sarau2
2') Lebiste no Canal - Seu Porto, Meu Parto.
Retornas líquida,
carícia à ponta -
mucosa quente,
dente aporta.
Fechados olhos -
sentir-te inspira.
Querer eterno -
expiras posse.
Vai-vem da água,
presente agora,
perfume à boca,
recebes beijo.
Mitômano impõe
o querer asfalto,
a Cultura supõe
Caiçara praia
Fandango catraia,
pescar em mar alto.
Estacionar carro -
pleito tão impróprio,
cimenta canal
nariz de Pinóquio,
em destombamento
pra um rolamento.
Peixinho alerta,
comporta aberta,
vai ao oceano,
vereador bão
é aquele mano /
tombamento são.
Sêmen agiliza
pro espermatozóide,
carro paralisa -
canal com lebiste,
este ao comer larva
mosquito inexiste!
Canal referência
nossa Santos é
água com um brilho,
tenha paciência,
no jardim da praia,
querer monotrilho.
Complexo de Bárbie -
sobre o canal,
acontece nada
pra sua amada,
claudica ação
sem a sua mão.
Ida à cavaleiro,
mas é um meieiro,
todo amedrontado
se perpetuado -
estacionamento,
só apressamento.
Bizarro rato é,
bueiro pra fora/
força da maré -
canal num vulcão,
se fechado agora,
haverá pressão.
Luz resoluta -
calor o teu.
Brinco enroscado -
meu sentir frio.
Nasço de ti -
canal estreito.
Respiro-te
cama no parto -
meu mar deixado,
oceano à frente,
chego ao mundo,
meu universo.
rrr.
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/06/lebiste-no-canal-seu-porto-meu-parto.html?m=1
3) Brincante Charleaux, na "estátua do Vicente de Carvalho" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/brincante-charleaux
À Vicente de Carvalho, o dizer:
3') Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho.
Fica em digna postura -
pra sua alma irreprimível
remar mais do que é seu barco.
Há ousadia da maré
endereçada aos ouvintes
dentre eles está você.
Pluvial água - percepção menino,
nesse fluxo está ao adentrar
no canal do estuário, longe perto -
manobra exótica como a sua,
veia para navegação do que há,
ao passar pelo deck dos sentidos.
Até umedece a aridez -
areia em próxima praia palmilha.
Percepção há de haver que
transcreva antologia imersa
na ausência de alguns sabores.
Já que você é homenagem,
em alquimia à transformar
versos naquela maresia.
Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho -
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta,
ladeado em aconchego de uns traços
benedictino-calixtos em suas águas,
mar - por ambos assistido, é atlântica
desembocadura – no céu, são lonjuras.
http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/2016/04/atlantica-desembocadura-rumo-ao-barco.html
4) Uma Santos, na "Pinacoteca Benedicto Calixto" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/uma-santos-2
À Pinacoteca Benedicto Calixto, esses dizer:
4') Atlântica Desembocadura, Rumo ao Barco Vizinho.
Disponíveis recortes mimos,
remados pelo seu barqueiro
insubmisso aos navegantes.
Dá leitura aos cem barcos nus,
pra presenciar oceano -
sentir entregue ao olhar.
Menina em salobra mistura há,
acalentado peixinho guarú,
esta evocação de limite – mar,
circunscrito nesse avizinhamento,
mas, em maré vazante vai até
se distanciar na conquista d’água
oceânica encoberta em brumas,
em vazantes e enchentes - você.
Quebrasse inércia, Vicente de Carvalho -
de pé - fronte à dureza, jardim fomenta,
ladeado em aconchego de uns traços
benedictino-calixtos em suas águas,
mar - por ambos assistido, é atlântica
desembocadura – no céu, são lonjuras.
Mediante minha leitura,
que na rede eu sirvo a todos -
aos pressupostos mais nadantes.
Fechem essa minha janela
à nossa não cumplicidade
pra que a lua não a espie.
rrr.
http://acervodosescritoressantistas.blogspot.com.br/2016/04/atlantica-desembocadura-rumo-ao-barco.html
5) Epitáfio de Amor Filial, na "igreja do Embaré" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/epitafio-de-um-amor-filial
À igreja do Embaré, esse dizer:
5') Pai Nosso Pão.
Torço por sua existência,
ativa amorização,
encontro-o natureza.
Enxergo-o água –
fruído sentir,
presente-ausente.
Aromatizado,
traduzido em verbo –
emoção que vai.
Além do relicário –
está pulsante lá,
pisando a areia.
Paladar que amo,
transcende o querer,
audição do sonho.
rrr.
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2015/11/pai-nosso-pao.html?m=1
6) Choro na Medida, na "biblioteca Mário Faria" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/choro-na-medida
À biblioteca Mário Faria, esse dizer:
6') Choro na Medida.
Na travessa nua
golpeias meu sono
ao nascer da lua.
Mandas como a um cão –
num beco de rua.
Interfonas não!
Só, dentro de mim,
parece esquina.
Edifício não,
este minha sina,
pesadelo é –
vazio e de pé!
Tocas telefone
pra um zelador,
de lá não se escuta -
esta ligação:
“corra, interfona,
manda um chorão”!
Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
foge do assédio.
Vizinha pergunta -
vai deixar o prédio!?
Músico acordado -
com sono atrasado.
Pijama amassado
balança com tédio.
Vizinha pragueja -
vai quebrar o prédio!
Diante de mim
explode em ruína –
edifício sim,
assim me anima -
tão desmoronado,
choro mareado!
Areia sem luz
assim não alisa,
tamanho induz
aquece sem brisa.
Caiçara em prédio
não mora no tédio!
Diante de mim
e não tão acima
edifício sim
assim se sublima -
mais apequenado,
no choro ninado.
Roque e Mansur.
http://libertodesi.blogspot.com.br/2016/08/choro-na-medida.html
7) Rebocar o Navio, no "aquário municipal de Santos" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/reboca-o-navio
Ao aquário municipal de Santos, esse dizer:
7') Diálogo Caiçara Navega.
Um caiçara olha o mar. O horizonte é olhado, desde remoto tempo, pelo caiçara. Ele está sobre a ponta do penhasco, tentando avistar o pássaro, que mergulhará na água, pra saciar sua fome com o cardume. O vir-a-ser do mergulhão é o cardume - peixe a ser partilhado.
O filho do caiçara o avista, desde a praia. As ondas estão brancas de espuma, mas há correnteza que a diminui. O Sol está com seus raios oblíquos, projetando uma sombra rasteira e preguiçosa. Um passarinho às suas costas, voa, livre e solto, com gravetos no bico, pra fazer o seu ninho.
cochilo na praia -
entre dueto de trinados
me espreguiço
A tarde cai e o caiçara resmunga uma canção, que ninguém ouve.
- ...mar me ajude, pra com riqueza cruzar e o meu rumo mude, prum horizonte mirar.
O sinal deixa de ser dado, na ausência de cardume, pro seu par à espera na canoa, que só aguarda pra sair à pesca.
Fica a canoa, à beira da praia, pro dia seguinte.
rrr.
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2014/10/dialogo-caicara-navega.html .
8) Caiçara Poética, na "estátua do pescador caiçara" -
https://soundcloud.com/user109475440ricardoroque/caicara-poetica
À estátua do pescador caiçara, esse dizer -
8') Ágora Caiçara.
O sol com seus raios
o filho da pesca
da praia avista.
Há sombra rasteira.
Passarinho às costas,
graveto no bico.
Cochilo na praia.
Dueto trinado
preguiça afasta.
Vir à ser menino -
voa, livre e solto,
pra que o mar ajude.
Só peixe sacia,
a fome afasta.
Mergulhão virá,
cardume, partilha.
Espuma da onda
correnteza castra.
Caiçara desnuda
o mar horizonte.
No remoto tempo,
naquele penhasco,
avista o pássaro
que mergulha n'água.
Sinal a ser dado
pro par avistado
a rede soltar -
dia à começar.
Cruzar com riqueza
meu rumo mudar.
A tarde só cai,
a lua levanta.
Portuguesa ama,
guarani à encanta.
O negro sorri
no porto caixotes.
É noite seguinte
fumaça fogueira
conversa fora ágora.
Dançar um fandango.
Tocar a rabeca
pro vento levar.
rrr.
http://ricardorutiglianoroque.blogspot.com.br/2017/06/agora-caicara.html?m=1