domingo, 31 de maio de 2015

O Mickey, a Caixa de Sapateiro, o Caminhão e o Sabiá - conto do Mapa Cultural Paulista.

Editado:

   Próximo ao museu Pelé há uma rua, a Gonçalves Dias, onde canta o sabiá, este audível mesmo se preso estivesse, na caixa de sapateiro do Edson Arantes do Nascimento, em tal museu. Essa caixa de sapateiro seria, se percutida, ouvida aqui?

   - Como habituar, nesse trabalho, o homem induzido a escravizar-se, mesmo com salmora, tascada, intracicatrizes de açoites?

   - Ultrajar, mesmo com manifestado afeto, em sublime ação estará o homem e seu trabalho, se remontado ao tempo da escravidão, enaltecidos?
   - Investimento de acionista, que recebe emolumentos sem uma boa medida, inclusiva, a cada um dos trabalhadores!
   - Já não basta a invasão, cultural, do primeiro homem aqui chegado?
   - Aquela caixa que eu percuti, aqui ontem, mal repercutida está. 
   - Aquele sabiá, aqui liberto, se fará ouvir, em estabelecido ambulatório médico de especialidades, na mesma rua?
   - Miiiickeeeeyyyyy? Esta paciente, por favor, você chama pra nós? – o médico à paciente já consultada.
   - Não escuta? Será que não veio?! – paciente ao médico.
   - Seu nome deve estar na agenda. – médico à enfermeira.
   - Só se estiver no banheiro! A sala de espera está cheia. Já dei uma olhada! – enfermeira ao médico.
   - Espera aí. É surdez do Mickey ou é o clipes que cobre o “L”! – médico.
   - Mickeeeely?! 
   - Pronto. Sou eu. 
   - Agi como o Pateta! Também, voz do Pato Donald, nesse barulhão!
   - Já vi de tudo, mas Mickey?! Mickely aqui é, na letra feia e sacolejar do caminhão em rua de pedra, uma roça sem chuva!
   - Você dá fé pública do ruído e audição, em reclamação? Sinto que os pingos caem da folha, mas é a força do vento que balança o chorão.
   - Pra não dizer que não falei, também, do pé de chumbo. Eu engraxo e batuco, denúncia do silêncio roubado, na caixa de sapateiro do Pelé, em seu museu, aqui ao lado.
   Obter cânhamo - semente de cannabis, para alimentar o passarinho engaiolado. Será melhor libertar o pássaro, até então, mantido junto!? Esse estará melhor, possuído ou solto, neste tardar, de seu cuidador, em supri-lo? Essa minha ficção - aventada, invade a sua realidade - vivida. Se o seu ensaio referencia o mensurável, já o meu é, praticamente, arreliação descabida. Fecho meu conto, presunçosamente adulto, para abrir meus ouvidos ao que há, em sua história, de força motriz que toca meu coração, desarvorado, procurando sua raiz.

Poeta sentido
dizer cantado -
choro chorado.

É ouvido da janela,
primeiro acorde maroto,
patente em som dedilhado.
Ágora volta, Garoto -
menino é acordado.

Tamanho pé direito,
finito pé esquerdo,
notas do cavaquinho
na XV, uma flauta,
caminhar é marinho.

Que o cais do Valongo dê,
ao despertar, um trapiche,
à cultura, do beirado,
em cujo choro só aja,
um Garoto mais sonhado.



Original:

   A caixa de sapateiro do Pelé se percutida, ali em seu museu, ouvida não seria, aqui.

   Próximo ao museu há, na Rua Gonçalves Dias, o sabiá, este que canta mesmo preso na caixa de sapateiro do Pelé.
   - Como habituar, ao trabalho, se este induz o homem a escravizar-se, quando sente salmora, tascada, intracicatrizes de açoites?
   - É ultrajar sem manifestar afeto, em qual sublime ação, do trabalho, remontado ao tempo da escravidão, garantido?
   - Investimento de acionista, que recebe, emolumentos sem uma boa medida, inclusiva, pra qualquer um dos trabalhadores!
   - Já não basta a invasão, cultural, do primeiro homem aqui chegado?
   Aquela caixa que eu percuti, aqui ontem, mal repercutida está. 
   Aquele sabiá, aqui liberto, se fará ouvir.
   - Miiiickeeeeyyyyy? Este paciente, por favor, você chama pra nós? – o médico à paciente já consultada.
   - Não escuta? Será que não veio?! – paciente ao médico.
   - Seu nome deve estar na agenda. – médico à enfermeira.
   - Só se estiver no banheiro! A sala de espera está cheia. Já dei uma olhada! – enfermeira ao médico.
   - Espera aí. É surdez do Mickey ou é o clipes que cobre o “L”! – médico.
   - Mickeeeely?! 
   - Pronto. Sou eu. 
   - Agi como o Pateta! Também, voz do Pato Donald, nesse barulhão! 
   - Já vi de tudo, mas Mickey?! Mickely aqui é, na letra feia e sacolejar do caminhão em rua de pedra, uma roça sem chuva! 
   - Você dá fé pública do ruído e audição, em reclamação? Sinto que os pingos caem da folha, mas é a força do vento que balança o chorão. 
   - Pra não dizer que não falei, também, do pé de chumbo. Eu engraxo e batuco, denúncia do silêncio roubado, na caixa de sapateiro do Pelé, em seu museu, aqui ao lado.

Opus.

1. Brucutus.

Similitude:
   - Melhor será pegar a pipa, sobre a árvore, meu neto.

Simbiose:
   - Subirei com essas pernas, descansadas em cadeira de praia. Fazer outra, com minhas mãos cansadas de trabalhar, pra que?

Osmose:
- Subir no tronco e chegar aos galhos nos fará brincantes.

Ressonância:
- A pipa voltará a voar, livre no céu, presa às mãos dele por linha longa de algodão, que de tão pequena experiência a fez pousar, aqui, nas folhas.

Antes:
   - Para que fazer outra pipa, meu neto, com essas minhas mãos cansadas de trabalhar? Melhor estará, ao alcançar a antiga, com ajuda destas minhas pernas, descansadas no repouso, feito em cadeira de praia. Isso se dará e, vencidos os galhos de uma simples árvore, nos tornará, imediatamente, brincantes. A pipa voltará a voar, livre no céu, presa à nossa linha, longa de algodão, que em suas pequenas mãos e de pouca experiência, fizeram-na pousar, em folhas.

Similitude:
   Deitado sobre uma cama de hospital, um avô de porte atlético, bronzeado e olhar vivaz.
   - Deixa eu aspirar suas secreções e trocar a cânula do traqueostoma. Você está com secreção na traqueia.

Simbiose:
   Dirige olhar, de baixo para cima, que torna, longe de obtusa, a aproximação encorajada.
   - Subi na árvore, de onde, com o spray do ar quente do asfalto, a pipa de meu neto flambou.

Osmose:
   Embute perceptível querer caminhar, novamente naquele chão, do jeito que está, pelo simples heroísmo vivido para o seu neto.
   - Abra a janela e coloque uma linha, na minha mão, com uma pipa na ponta.

Ressonância:
   - Faça isso hoje, por favor, na hora da visita, esta que é, proibida a meu neto, pois apenas amanhã eu morrerei. Servirá pra testemunho de vitória da vida.
Antes:
   Deitado sobre uma cama de hospital, um avô de porte atlético, bronzeado e olhar vivaz, herói de seu neto. De baixo para cima, falseando um poder, dirige olhar, que torna longe de obtusa a aproximação, encorajadora, em tentativa de trocar palavras, mas recebe, em troca, um sorriso paternal, postura de pátrio poder, que embute percepção de um querer, condição de caminhar e, novamente naquele chão, do jeito que está, pelo simples viver.
   - Amanhã morrerei.
   - Deixa eu aspirar suas secreções. Você está com secreção na traqueia.
   - Subi na árvore, de onde flambou a pipa de meu neto.
   - Espera, só, eu trocar a cânula do traqueostoma.

Similitude:
   Perdeu-se, em uma troca de palavras e de cânula, a noção do tempo gasto, em que foi desconectado o aparelho de respiração mecânica. Era do segundo para o terceiro dia, de pós-operatório, quando há indicação, absoluta, de tal troca.

Simbiose:
   Para ele falar era necessário o tampar, com os dedos do cirurgião, de orifício da nova cânula, para que o ar subisse às pregas vocais e, modulado, subisse à boca.
   Um piiiiiiiiiiiiiiiiii contínuo invadiu a sala do CTI – Centro de Terapia Intensiva. O paciente não voltou a apresentar os sinais vitais.
   - Você debita, o infortúnio dessa morte, em meu ato técnico?

Osmose: 
   - Fique tranquilo, pois estava por um fio, com os rins sem funcionar e o coração sobrecarregado - disse o médico intensivista ao cirurgião. 
   - Preso em seu próprio corpo, terá três minutos, para dar-se conta do ocorrido, esse paciente. O que estará passando por sua memória? 

Ressonância:
   - Recém chegado, em colorida estação – Flor de Primavera.
   - Há mais em mim, Dionísio, que numa cerca em aparente jardim. 
   - Com o vapor do mar e oceano, Poseidon, me umedeço.
   - Com a luz do Sol, Apolo, me aqueço. 
   - Só colha-me, Deméter, em safras e me entristeço. 
   - Há um rio subterrâneo, Jung, abaixo do meu crânio. 
   - Animais que me habitam, Ártemis, são meus amos, mas, com o planeta Terra, Gaia, aprofundamos. 

Antes: 
   Nessa troca, de palavras e de cânula, a noção de tempo perdeu-se. O aparelho de respiração artificial foi desconectado. Era do segundo para o terceiro dia, de pós-operatório, quando há indicação, absoluta, de tal troca. Um piiiiiiiiiiiiiiiiii contínuo invadiu a sala do CTI – Centro de Terapia Intensiva. O paciente não voltou a apresentar os sinais vitais. 
   Será que depositarão, nesse ato técnico e agregada conversa, todo infortúnio da morte testemunhada? Para ele falar era necessário o tampar, com os dedos do cirurgião, de orifício da nova cânula, para que o ar subisse às pregas vocais e, modulado, subisse à boca. 
   - Fique tranquilo, pois estava por um fio, com os rins sem funcionar e o coração sobrecarregado - disse o médico intensivista ao cirurgião. 
   - Recém chegado, em colorida estação – Flor de Primavera. 
   - Preso em seu próprio corpo, terá três minutos, para dar-se conta do ocorrido, esse paciente. O que estará passando por sua memória? 
   - Há mais em mim, Dionísio, que numa cerca em aparente jardim. 
   - Com o vapor do mar e oceano, Poseidon, me umedeço. 
   - Com a luz do Sol, Apolo, me aqueço. 
   - Só colha-me, Deméter, em safras e me entristeço. 
   - Há um rio subterrâneo, Jung, abaixo do meu crânio. 
   - Animais que me habitam, Ártemis, são meus amos, mas, com o planeta Terra, Gaia, aprofundamos. 

Similitude: 
   Ele caiu, até bater a coluna no paralelepípedo, em véspera de sua posse na prefeitura do município, eleito que foi, em escrutínio universal, no pleito majoritário. 

Simbiose:
   Já no corredor daquela ala de hospital:
   - Necessário recorrer ao exército pra manter a ordem?
   - Um fuzil para amar? Como usá-lo sem machucar?
   - Uma suástica enlameia – emasculada, em mortandade.
   - Malfadado, você prevarica, por reverenciar tal retorno. Assuma como vice eleito.
   - Entronizada exceção, é voto vilipendiado.
   - Aquartelado agora, há revolução ruinosa. Fala o pintor figurista, acordado que foi, em meio à noite, para pintar o que ali jazia.
   - Individual insistência, cativada por tal atividade, há retrógrada reminiscência em forma de pastel sobre tela de algodão.
   - O Exército visa à democracia proteger, em disfunção postural, um cavalo com capa de carruagem pra que outros ladrem.

Osmose:
   - Os brucutus de antigamente, sairiam mal no quadro, tendo à cabeça um capacete - de milico, ejetor da cidadania, "limpador" de qualquer sociabilidade, e no dedo uma capinha do ejetor d'água - efluente, a limpar aquele para-brisas de fusquinha. 
   - Construía escudo, com o primeiro brucutu, em minha infância, ostentado por artesanal anel no quarto dedo, pra me proteger de agressões do brucutu maior. 

Ressonância:   - Com olhar risonho avista a gente. Evita marionete. 
   - Hoje se pode dispensar o exército, pra tal, na democracia. 
   - Se enxerga desastre político, rompa o casulo, da crítica fundamentada, ecloda em borboleta, com asas assertivas. 
   - Farei fotossíntese em folha, que nutra você enquanto lagarta. 
   - Um canto solitário, aguarda uma resposta – Bem-te-vi. 

Antes: 
   Ele se vê, solto ao cair, até bater a coluna no paralelepípedo, em véspera de sua posse na prefeitura do município, eleito que foi, em escrutínio universal, no pleito majoritário. 
   No corredor daquela ala de hospital: 
   - Necessário recorrer ao exército pra manter a ordem? 
   - Um fuzil para amar? Como usá-lo sem machucar? 
   - Sua suástica enlameia – emasculada, em mortandade. 
   - Malfadado, você prevarica, por reverenciar retorno. Assuma como vice eleito. 
   - Entronizada exceção, voto vilipendiado. 
   - Aquartelado agora – revolução ruinosa. Fala o pintor figurista, acordado que foi, em meio à noite, para pintar o que ali jazia. 
   - Individual insistência, cativada por sua atividade, retrógrada – reminiscência em forma de pastel sobre tela de algodão. 
   - Os brucutus de antigamente, sairiam mal no quadro, tendo à cabeça um capacete - de milico, ejetor da cidadania, "limpador" de qualquer sociabilidade, e no dedo uma capinha do ejetor d'água - efluente, a limpar aquele para-brisas de fusquinha. 
   - Construía escudo, com o primeiro brucutu, em minha infância, ostentado por artesanal anel no quarto dedo, pra me proteger de agressões do brucutu maior. 
   - Com olhar risonho avista a gente. Evita marionete. 
   - O Exército visa à democracia proteger, em disfunção postural, um cavalo com capa de carruagem pra que outros ladrem. 
   - Hoje se pode dispensá-lo, na democracia. 
   - Se enxerga desastre político, rompa o casulo, da crítica fundamentada, ecloda em borboleta, com asas assertivas. 
   - Farei fotossíntese em folha, que nutra você enquanto lagarta. 
   - Um canto solitário, aguarda uma resposta – Bem-te-vi.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

27. Choro na Medida.

O telefone né não
d'zeladoria, é morada,
recebe uma ligação,
como nota musicada,
pro “zelador": interfona –
manda bando de chorão.

Passa batida opção –
simples atravessar rua,
chamar interfone é são
na madrugada que é sua.
Como atinar boemia,
assim tão apropriada.

É "Clube do Choro" nada,
a dizer com o meu tédio.
Ajoelhar-me na escada,
diante daquele prédio,
pra suplicar solução,
é coisa fora de mim.

Quase adiante, enfim,
numa megalomania,
explosão quebra, tadin,
coluna dobra e mia -
do condomínio outro choro.
Beco da Lélia tá bão.

terça-feira, 26 de maio de 2015

26. O Sabiá e o Garoto.

2015:
   Próximo ao museu Pelé há uma rua, a Gonçalves Dias, onde canta o sabiá, este audível mesmo se preso estivesse, na caixa de sapateiro do Edson Arantes do Nascimento, em tal museu. Essa caixa de sapateiro seria, se percutida, ouvida aqui?
1800:
   - Como habituar, nesse trabalho, o homem induzido a escravizar-se, mesmo com salmora, tascada, intracicatrizes de açoites?
   - Ultrajar, mesmo com manifestado afeto, em sublime ação estará o homem e seu trabalho, se remontado ao tempo da escravidão, enaltecidos?
1915:
   - Investimento de acionista, que recebe emolumentos sem uma boa medida, inclusiva, a cada um dos trabalhadores!
   - Já não basta a invasão, cultural, do primeiro homem aqui chegado?
1999:
   - Aquela caixa que eu percuti, aqui ontem, mal repercutida está.
   - Aquele sabiá, aqui liberto, se fará ouvir, em estabelecido ambulatório médico de especialidades, na mesma rua?
   - Miiiickeeeeyyyyy? Esta paciente, por favor, você chama pra nós? – o médico à paciente já consultada.
   - Não escuta? Será que não veio?! – paciente ao médico.
   - Seu nome deve estar na agenda. – médico à enfermeira.
   - Só se estiver no banheiro! A sala de espera está cheia. Já dei uma olhada! – enfermeira ao médico.
   - Espera aí. É surdez do Mickey ou é o clipes que cobre o “L”! – médico.
   - Mickeeeely?! 
   - Pronto. Sou eu. 
   - Agi como o Pateta! Também, voz do Pato Donald, nesse barulhão!
   - Já vi de tudo, mas Mickey?! Mickely aqui é, na letra feia e sacolejar do caminhão em rua de pedra, uma roça sem chuva!
   - Você dá fé pública do ruído e audição, em reclamação? Sinto que os pingos caem da folha, mas é a força do vento que balança o chorão.
   - Pra não dizer que não falei, também, do pé de chumbo. Eu engraxo e batuco, denúncia do silêncio roubado, na caixa de sapateiro do Pelé, em seu museu, aqui ao lado.
Hoje:
   Obter cânhamo - semente de cannabis, para alimentar o passarinho engaiolado. Será melhor libertar o pássaro, até então, mantido junto!? Esse estará melhor, possuído ou solto, neste tardar, de seu cuidador, em supri-lo? Essa minha ficção - aventada, invade a sua realidade - vivida. Se o seu ensaio referencia o mensurável, já o meu é, praticamente, arreliação descabida. Fecho meu conto, presunçosamente adulto, para abrir meus ouvidos ao que há, em sua história, de força motriz que toca meu coração, desarvorado, procurando sua raiz.

Poeta sentido
dizer cantado -
choro chorado.

É ouvido da janela,
primeiro acorde maroto,
patente em som dedilhado.
Ágora volta, Garoto -
menino é acordado.

Tamanho pé direito,
finito pé esquerdo,
notas do cavaquinho
na XV, uma flauta,
caminhar é marinho.

Que o cais do Valongo dê,
ao despertar, um trapiche,
à cultura, do beirado,
em cujo choro só aja,
um Garoto mais sonhado.

COMO ESCREVER.

Escrever: de SIMILITUDE para SIMBIOSE e, daí, desde OSMOSE para RESSONÂNCIA.
Similitude: cópia.
Simbiose: não é totalmente ficção, mas parte da realidade e parte da imaginação (p.ex. operação transforma o Pelé numa mulher).
Osmose: nunca aconteceu (p.ex.: Brasil derrotou Alemanha por 10 a 1).
Ressonância: rara - alguma coisa escrita que possa acontecer, muito usada na ficção científica.
O escritor inventa algo que salva a humanidade, ao projetar um futuro melhor que o presente. Exemplos:
Cortesia: a idade média inventou;
Paixão: invenção dos alemães.
Exercício em aula:
   - A caixa de sapateiro do Pelé se percutida, ali em seu museu, ouvida não seria, aqui. (similitude)
   - Próximo a isso há a Rua Gonçalves Dias, “onde canta o sabiá”, este que preso está na caixa de sapateiro do Pelé. (simbiose)
   - Aquela caixa que eu percuti, também ontem, mal repercutida está (osmose)
   -  Esse sábia, aqui liberto, se fará ouvir. (ressonância)
Exercício: escrever de forma que gere dúvida, se é 1, 2, 3, ou 4:
1 – Similitude (p.ex.: ALGUÉM NA PRISÃO);
2 – Simbiose – início da ação do romance (p.ex.: SAINDO DA PRISÃO);
3 – Osmose – mudança que preenche os vazios (p.ex.: ficção desse liberto, preenche, os vazios, de sua memória da infância) e
4 – Ressonância –ficção (p.ex. ele, reflexivo, encontra um amor).
Fazer uma cena – opus, alvo mais importante de seu livro. 
Fazer, com as 04 coisas: similitude, osmose, simbiose e ressonância.
1. personagem (ideia);
2. ambiente (orgânico);
3. centro (cósmico).
Ricardo - enquanto seu moderador.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

25. Sela Museu, em Cela, da Cadeia Velha.

   Quem gosta de pessoas as aglutina, como gestor - dando guarida, e como comunicador - ao ser acolhida a sua Arte, para poder, assim, cada um dar o seu recado.
   Museu pode humanizar, ao lembrar aquele que se foi, assim como a maternidade, ao lembrar os que estão por nascer.
   Esse sentimento humano é fomentado pelo artista que, vivo, também promove o melhor, ser do humano, ao sentir.
   As vezes o sentir está longe, no tempo museu e distante, no espaço maternidade.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

24. Música na Medida.

   O aparelho telefônico passou, da zeladoria, para minha casa. Eu recebia ligações, triviais, para que, como “zelador”, interfonasse a um só condômino. Tudo chegava, com musicalidade, pela voz de “meus” interlocutores.
   Passou-me batida uma solução, em simples atravessar de rua, para chamar-lhe via interfone, disponível, atrás de seu prédio, voltado para minha rua.
   Como atinar nesse caráter, boêmio, inusual para mim, mas tão próprio de um conselheiro fiscal, do "Clube do Choro", sempre em dia com seus atrasos?
   Ao invés de ajoelhar-me, diante daquele prédio, para suplicar solução, foi ele que ajoelhou-se, quase, diante de mim. Explico essa megalomania. Estava conversando, presencialmente, com um amigo, a duas quadra dali, quando ouvi um ruído explosivo: era a coluna daquele prédio que cedera ao peso existente, seguido de um choro - outro, menos musical, de seus moradores.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

23. Liberdade.

   Obter cânhamo - semente de cannabis, para alimentar o passarinho engaiolado.
   Será melhor libertar o, mantido junto, pássaro!? Tal estará melhor possuído, ou melhor solto, neste tardar, de seu cuidador, em supri-lo?
   Essa minha ficção - aventada, invade a sua realidade - vivida. Se seu ensaio referencia o mensurável, já o meu é, praticamente, arreliação descabida. Fecho meu conto, presunçosamente adulto, para abrir meus ouvidos ao que há, em sua história, de força motriz que toca meu coração, desarvorado, procurando sua raiz.

22. De Castigo Sob a Escada de Madeira.

   Por ter beijado minha prima, professora substituta - sob o jugo do Diretor, este me deixou, ali de castigo, no retorno do recreio. 
   O ato desaprovado, por ele, se deu sobre o balcão de alvenaria da cantina, vencida a separação entre gêneros. 
   Sua filha, e o seu genro, decerto nunca se beijaram, quiçá até no rosto, ali, para evitar semelhante constrangimento.

21. O Claro e o Escuro.

   O guaru sai do canal. A maré é baixa. A comporta se abre.
   A água da chuva é, ocupante de tal passagem, dali esvaída. O mar os recebe: a água salobra é doce perto daquela à frente, onde o guaru é curioso.
   O sol clareia. Há pedra e sombra. A correnteza domina, tira a onda, em seu caminho raso. As guelras se abrem, ali. Suas pequenas escamas se eriçam. Sua cor verde se mistura, ao tom mais tênue dali, harmoniosamente. É vazante o sentido.
   O costão rochoso aparece na ilha ao largo. Explosão de ondas de águas que até então se espraiavam, agora indóceis.
   Aprofundada água. A raia jamanta a ocupa, onde seu corpo imerso ondula. O guaru observa, imperceptível à gaivota que a tudo isso sobrevoa, que ali se nutre. As águas se equilibram, sem expandirem-se.
   O homem passa ao largo, em braçadas vigorosas. Uma corda se estica, de seu tornozelo à bóia. Um arpão singra da quase superfície ao fundo. O mero está, em ampliada forma, tentando sobreviver àquela certeza, de ser consumido em desejo de vitória.
   A bóia é puxada, para baixo, aos trancos. A arte da pesca sobressai à fome. Há clareza nos dentes que mastigam, onde escuridão é saciada.

terça-feira, 19 de maio de 2015

20. O Dono de um Circo.

   - Alguém olha, por um buraco da lona, sem pagar.
   - Acolá estarão, os leões, sem o que comer, se o buraco aumenta.
   - A chuva atola a roda da carroça, mas lava a lona costurada.
   - Eu que dou a liga pra união de teus pedaços.
   - Você que traz, de além-estrada, a alegria ao picadeiro.
   - Ele que é, como um céu, testemunha de tamanha força.
   - Nós é que formamos, em arco, uma aliança.
   - Vós que protegeis a todos, agora sois protegidos.
   - Eles é que aplaudem.
   - Outrem é, em regozijo solidário, quem paga a conta.

Importante para O Escritor.

   É importante para o escritor que ele tenha um reservatório de imagens míticas, conhecidas por todos, e que ele saiba sonhar com os olhos abertos. Vê-las como se fosse uma criança ou um extraterrestre, que saiba gravar, nessas imagens, suas vozes.
   É importante sempre associar vozes e paisagens, até que ele consiga ouvir a voz humana, trancada dentro de um lago onde muitos mortos, de séculos atrás, se banharam. Trata-se de recuperar todas as vozes extintas, soterradas, hoje desconhecidas.
   A voz de uma árvore, de um índio, de um andarilho, da criança que ele foi, surge se ele escavar com muita atenção, religiosamente, persistentemente, todas as vozes do mundo.
   Para um bom escritor, antes de existir, as coisas devem falar, cada uma, com sua voz única. Todas as possibilidades de criar um grande romance, conto, cronica ou ensaio, dependem da capacidade que o escritor tem de imaginar e assim sonhar e recriar as vozes que foram perdidas, para que o leitor, ao ouvir, saiba que não está só.

19. O Rio É a Solução.

   - O fim da tarde está próximo.
   - Tudo bem!
   - Amanhã você nascerá.
   - Eu esperarei dormindo.
   - A noite é a última que cairá sobre você.
   - Mas as estrelas estarão, lá no firmamento?
   - Sim. Só nosso mundo é que acabará.
   - O meu medo é que ele continuasse, não que ele acabasse.
   - As baratas continuarão, lá em baixo.
   - Os taxistas também?
   - Já estão, com essa carestia, morrendo de raiva. Vou pegar um agora.
   - É uma bandeira dois para o além?
   - Sim, tamanho preço a se pagar.
   - O infinito permanece?
   - Há infinitude, que permanece. Só nosso mundo chega ao fim.
   - Qual essência prevalecerá?
   - O buraco é negro e vencido será, lá em Sampa.
   - Há luminosidade em suas palavras.
   - Que elas ecoem, meu filho, em Santos, agência pra onde seu pai se transferirá em caso de bom termo, hoje.
   - Eu sou seu eco e repercuto você.
   - Dê-me suas mãos.
   - Elas serão suas, amanhã, quando eu nascer. Hoje servirão, escondidas da vista de terceiros, a sensibilizar a gerência de recursos humanos.
- Mas, se eu conseguir a tal transferência, aqui na matriz do banco, um renascer acontecerá, e nos daremos às mãos. Veja a pista, do Aeroporto Santos Dumont, que beleza. Mais ali fica o palácio, atrás dessa cortina de prédios, do Catete.
   - Essa turbulência fazia, do Electra ao líquido amniótico, ondas.
   - De São Paulo pra Santos também balançará, todavia, pela estrada velha de Santos, menos que pelo Caminho do Lorena.
   - Sim, mas a perda da vida intra-uterina, me fará ganhar o mundo exterior.
   - Bem vindo será, pois ao menos me tornará, assim, mais leve.

sábado, 16 de maio de 2015

18. A Terra.

Melhor cenário, todavia é,
substantiva persona maior,
relegada ao não cuidado.

A Terra se faz presente, ágora,
em seu próprio canto solo e deixa
um pouco de ser moldura.

Presente, a degradante política,
de seu ator humano enredado.
Do homem emerge, legítima.

Demanda ao tê-la, como cenário,
recebe o descaso que dela é.
Terra, dá uma sensação!

20 Perguntas Sobre o Livro que Estou Escrevendo, no Campo do Sentido (questionado).

1) O não dito (entrelinhas), pelo protagonista do livro, o torna coadjuvante de um alinhamento?
2) Há inadequação no coma? Ver “Johny Vai à Guerra” – filme.
3) O sentir ausente torna o refletir aprofundado?
4) A queda física é o elevar da alma?
5) O obstáculo instransponível do paralelepípedo, ali colocado pelo prefeito anterior, baliza o caminho?
6) À rua o que é da rua?
7) A visão interior supre a exterior, nela impressa?
8) Ouvir por 3 minutos a fala transeunte o faz solitário em ausente diálogo?
9) Estar a sete palmos acima de seu destino atrapalha o trânsito? Ler o livro, Egípicio, dos Mortos.
10) O figurista retratará, pro que foi ali chamado, a fisionomia cadavérica?
11) A mão estendida o afagará?
12) O vento mostrará uma direção àquele, ali, caído?
13) O pássaro alegrará o seu ouvir?
14) A água da poça despenteará os seus cabelos?
15) A madrugada começada o julgará em valores morais? Ler: “Genealogia da Moral” – Nietzsche.
16) Há um despertar, de quem, nesse sumir dos sentidos?
17) O pensar é, sem utilidade prática, uma ferramenta?
18) A arte impressa em si, está num beco sem saída?
19) Há dificuldade no pensar não coloquial ou no coloquial não pensado?
20) O quadro estará, que retratar esse moribundo, na galeria dos eleitos?

sexta-feira, 15 de maio de 2015

ENTORNO DO LIVRO.

Faixa ou Campo:

1) Observação da vida para julgar: quietude interior;
2) Persistência: o que assistiu – não o que sentiu;
3) Inadequação;
4) Silêncio.

O escritor relata o que assistiu, não o que sentiu.
Estilo é surto.
A crônica é o diário do livro que estou escrevendo:
- sim: se o estou escrevendo;
- não: o p.q. de estar bloqueado;
No mundo da quietude é que se escreve. Na parte da manhã há quietude, pois à noite é uma falsa quietude.
Cada vez começar do zero, todos os capítulos.
Luta contra o vazio: exercitar.
Um livro é a duração de 1 a 5 anos – da vida do escritor.
Inadequação é a faixa em que se escreve, num não talento à vida prática – é onde está a escrita.
Todo mundo é inimigo da obra artística.
O amigo é ninguém. É em quem o escritor se transforma: ninguém.
Sucesso vai na contramão, pois é a adequação.
Haldor Lexness – Quem é? Vencedor do prêmio Nobel, norueguês, após guerra. – “Ser esquecido após ser lembrado”.
O que busca o escritor? Amor.
O escritor é o centro.
X - - - - - X X X X
Transfere a seu personagem.
Na persistência fazer o filtro, no que aparece a ideia do livro, onde ocupará apenas 5% do livro.
Não existe o escritor, sem a fonte – colher dali.
Na evolução o que escrever será literatura.
Voltar para o oral - contar o seu romance, portanto gravar. Antes de escrever contar às crianças, que se ouvirem por 10 minutos, terão dado sinal de que é boa a escrita.
A vida é difícil, pois é grande a necessidade de persistência.
Diário. Por exemplo:
a) Escrever o primeiro capítulo;
b) Voltar ao prólogo. Para se colocar no lugar do próprio escritor – na sua infância.
É uma missão no Brasil, onde lê-se apenas coisas fáceis, portanto é arte – a escrita.
Esquecer a felicidade. Não participar da vida comum: afastar-se da vida comum. P.ex.: na festa, encostar-se à parede e observar – ficar fora dela.
Silêncio = não palavra. Falar de forma não usada.
Mergulhar naquilo que não sabe dizer. Escrever na forma que não foi dito, senão deixar de escrever.
Best-seller é a mesmíce – da mesma forma.
Tentar se aproximar da vida.
Inadequação se for, um dos profundamente, só.
Solidão dá o tempo necessário.
Só se escreve Literatura fora da literatura.
– onde ela não está?
- onde ela não alcança?
Em todos os lugares há refratariedade à Literatura.
O Brasil aceita o estrangeiro.
Dizer o que é: o menino, a vida, etc.
Ninguém sabe o que é o Brasil.
Tudo nega o que somos no Brasil.
A Literatura é a única coisa que mostra o que é o Brasil.
José de Alencar inventou o Brasil. Ele falou que somos o guarani.
Machado de Assis: diferença, tensão, ironia, entre o que somos e o que pensamos ser.
Somos brasileiros tentando ser europeu.
Guimarães Rosa: sertão, jagunços filósofos, que se conhece do Brasil: onde o vento bate, não na cidade.
O sonho não nega a realidade, mas a transforma.
1) Para onde o livro não vai?
2) Não negue a realidade, pois é um comentário.
Relatar é escrever na areia – é o que faz o brasileiro: escreve na areia.
A morte é gratuita na violência.
Literatura é contra a morte do alinhamento.
Para o poder não somos nada.
Pra vida somos algo.
Contra-Literatura - interessa:
a) Trransposição;
b) Deslocamento;
c) Transferência;
d) Metaforização;

a) Transposição: 
Por exemplo: o bastão que é passado de mão em mão, de cada personagem, é uma linguagem do esporte.
b) Deslocamento:
Ao seguir as regras – gênero: de homem para mulher e daí a bicho. Por exemplo: Joaquim Nabuco;
Buscar o impensável sem justificar.
c) Transferência: da química, onde um elemento transmite a um outro elemento. Por exemplo: o efeito do tiro aparece lá adiante, em outro personagem.
e) Metaforização: objeto que aparece no livro. Por exemplo: moedas que não valham nada, mas, transforma-o em alguém rico, e concomitantemente ele adquire câncer.
Imprime uma coisa interessante.
Visão científica é boa por isso.
Quanto mais imaginação mais metáfora.
Ética da Contra-Literatura.
a) Invisibilidade parcial – improvisação;
b) Autonomia;
c) Quietude versus energia do entusiasmo;
d) Imaginação como arquitetura da intuição e vice-versa.
Observação: O NÃO DITO É O QUE ESTÁ NAS ENTRELINHAS DA ESCRITA.

a) Invisibilidade: não aparece tanto o escritor.
Improvisação é importante.
b) Autonomia: não depender tanto da editora. P.ex. editar o seu livro
c) Quietude: não falar o que está fazendo. O não falar dá energia. Não fale – faça. Fazer com entusiasmo e alegria.
d) Imaginação: é da mesma fonte da intuição – sonhar de olhos abertos.
Recomenda ler: “Genealogia da Moral” – Nietzsche.

domingo, 10 de maio de 2015

O Claro e o Escuro, de Castigo sob a Escada de Madeira.

DE CASTIGO SOB A ESCADA DE MADEIRA. 

   Por ter beijado minha prima, professora substituta - sob o jugo do Diretor Fuschini, este me deixou, ali de castigo, no retorno do recreio. 
   O ato desaprovado, por ele, se deu sobre o balcão de alvenaria da cantina, vencida a separação entre gêneros. 
   A Regina - sua filha, e o Gil - seu genro, decerto nunca se beijaram, quiçá até no rosto, ali, para evitar semelhante constrangimento.

O CLARO E O ESCURO.

   O guaru sai do canal. A maré é baixa. A comporta se abre.
   A água da chuva é, ocupante tal passagem, dali esvaída. O mar os recebe: a água salobra é doce perto daquela à frente, onde o guaru é curioso.
   O sol clareia. Há pedra e sombra. A correnteza domina, tira a onda, em seu caminho raso. As guelras se abrem, ali. Suas pequenas escamas se eriçam. Sua cor verde se mistura, ao tom mais tênue dali, harmoniosamente. É vazante o sentido.
   O costão rochoso aparece na ilha ao largo. Explosão de ondas de águas que até então se espraiavam, agora indóceis.
   Aprofundada água. A raia jamanta a ocupa, onde seu corpo imerso ondula. O guaru observa, imperceptível à gaivota que a tudo isso sobrevoa, que ali se nutre. As águas se equilibram, sem expandirem-se.
   O homem passa ao largo, em braçadas vigorosas. Uma corda se estica, de seu tornozelo à bóia. Um arpão singra da quase superfície ao fundo. O mero está, em ampliada forma, tentando sobreviver àquela certeza, de ser consumido em desejo de vitória.
   A bóia é puxada, para baixo, aos trancos. A arte da pesca sobressai à fome. Há clareza nos dentes que mastigam, onde escuridão é saciada.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Literatura do Século XXI.

   Há excesso de mundo em direção à intimidade, o que é massacrante, e o que falta é intimismo em direção ao mundo.
   A literatura do século XXI forma mosaico, escrevinhador, sem o antagonismo entre personagens - encontradiço na literatura do século XX, porém como aquela ainda é pouco lida, o mundo atual ficará luminoso, em uma onda propagada pelo leitor, mas tarda em chegar.
   Acelero meu beijo no sentimento do mundo, com vagar. 
Ricardo - aluno, em mosaico de aulas da oficina "Como Escrever Um Livro", revendo as aulas do Marcelo Ariel.

Enredo.

Temas /               Zonas           / Ação /      Ritmo / 
< --- > / Esfera clara e escura / @      /       < --- 
                                                                       --- >

Narrar / Acontecer

Pública < ---Privada--- > Íntima

Escolher (pensado) o tema ou ser escolhido (sonhado)

Esferas:

Íntima = interior ( mais necessário atualmente)

Privada

Pública = massacre

Íntima: perguntas / pra quem, eu sou, etc.

P. Ex. Clarice Lispector 

Mundo: escrito sobre o auto-conhecimento, aplicado no mundo

P.Ex.: Guimarães Rosa – médico, em percepção de seu não saber o nome dos passarinhos 

Um bom tema tira o sono

A primeira voz aparece no primeiro livro, em tema que invada a sua esfera íntima

Segundo e terceiros livros: o íntimo invade o mundo

“O Mundo das Formigas – Master Linck

O tema não pode ser maior que o escritor

P.Ex. China – é muito grande, portanto é melhor sobre a sua rua, pois torna-se verídico, por ser de seu conhecimento, então não soará falso

Tema = lugar

“Meus Lugares Escuros” – James Leroy, e “Dália Negra”

Zonas

Escura = inconsciente, gratuidade, pulsão, inspiração

Clara = pensada

Reconhecer em seu livro o que é inconsciente, o que não é pensado = aparece no livro sem pensar = acaso, sem ser loteria, ir, deliberadamente, lá da zona escura

Ir até o inferno, onde não quero ir

O que me perturba muito?

Procurar o terror

Fontes da esfera íntima: desejo de matar, a sombra, a base do edifício, inconsciente propriamente dito, é à partir daí, o que eu perdi

“O Jogador” - Dostoyevsck 

Zona Clara = pensamento

“O Poder do Mito” – legendado (ver)

Amor é o lado luminoso, 

É o mundo das ideias

Escuro é das memórias que eu não quero lembrar

Em que momento que a zona ecsura pode matar?

Em que momento a zona clara gera amor?

Ler “Ciorano” (Cyrano?)

Exercícios:

Narrrar ( descrever) algo que acontece:

No fundo do mar: água, movimento da água, (zona escura)

Em algum lugar da escola, que aconteça fora da sala de aula, que tenha acontecido com você, sob a ótica de terceiro (merendeira, servente, inspetora, etc.)

Escrever uma carta para si e enviar pelo correio, pra si mesmo.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Desenho da Emoção.

Rosto que emerge em meus olhos fechados.

   Loira. Olhos azuis, ávidos por movimento, grandes e atentos, paralelos ao chão. Pele alva em rosto redondo, sobre pescoço altivo, com quadrante inferior esquerdo com rima bucal tensa, e superior com indagação, e já o superior direito com ternura complacente e inferior com boca semi-aberta. Testa alta com cachos caindo.

Rosto que emerge em meus olhos fechados - desnomeado (transfigurado).

   Rosto oval, à imagem dos seios. Com cabelos vermelhos em semelhança aos pelos pubianos, mas lisos. Lábios carnudos, envolvendo dentes alvos e grandes, abaixo de olhar fixo. Pescoço um pouco arqueado, grosso e tenso. Orelhas acima da linha dos olhos, onde certezas antigas viraram indagações atuais, circundadas por pele queimada onde sulcos denotam ambiguidades, ternas, vencidas. Nariz com vestíbulos abertos, ao possuírem o ar inalado. Boca semi-cerrada, com lábios obliterando-a.

Dar voz aos rostos.

   - Vi quem habita sua alma, onde ao lado quis minha morada fazer.
   - Coube a você decidir.
   - Mas, a você, ao sentimento obedecer.
   - A maciez de minhas intenções beijou de olhos fechados seu reticente sentimento.
   - Norteado por néctar caudaloso, que dá descanso ao rastejar de rapina, em meio ao deserto, até ali sem sombra.

Descrição do próprio rosto.

   Olhos paralelos ao chão, nariz vermelho e afilado. Testa alta e com dobras. Orelhas com lobos espichados. Sobrancelha como uma eira pouco protetora. Barba branca e preta, sem brilho. Cabelos grisalhos para brancos. Bigode espesso. Ponto hiperêmico entre as sobrancelhas. Pele branca com manchas.

Narrador – descrever o lugar imaginado.

   Há um lugar. É um lugar frio, onde corre um rio, em frente à casa. Sua água corre vagarosamente nesses dias, de sol, seguidos. Os peixes estão acima, no parque – passeio público, saboreando miolos de pão jogados.
   Abaixo está a estação rodo-ferroviária. À margem esquerda está um rosto à janela, com cabelos vermelhos. À margem direita está outro rosto com cabelhos negros cacheados.

Personagens – ação dos rostos, diálogo sem palavras.

   - Virá ela visitar-me?
   - Virá ele, desde sua margem espraiada a visitar-me?
   - A água estará fria pra ambos, mas há barranco do seu lado, o que limita a chance de minha travessia.
   - Cabe a mim atravessar, pois pulo facilmente o barranco e venço a praia do outro lado.

Desenho da Emoção – 1.

   - Vieram de metrô?
   - Sim. Eu chutei muito forte a bola.
   - Chegou à floresta?
   - Ela bateu na pedra.
   - Eles não chegaram, ainda, do shopping?
   - Vós, levardes ao hospital de brinquedos, pois a bola furou.
   - Vamos à igreja, padre, e lá, no estacionamento, joguemos.
   - Mas o prazer poderá ser quebrado.
   - Não pode ser perto dos carros.
   - Mas, murcha, ela não fará mal nenhum.
   - O sol se refletirá, em nossos olhos, dos vidros dos carros.
   - Dobremos os espelhos retrovisores.
   - O espaço é, patrimonial, dos pertences de cada família.
   - Caso suma, algo, nos incriminarão.
   - Vamos cantar dentro da igreja?
   - É melhor, vamos.

Desenho da Emoção - 2.

   - Vieram de metrô?
   - Sim, mas veja, eu chutei, muito forte, a bola.
   - Chegou à igreja?
   - Ela bateu na pedra.
   - Eles não chegaram, ainda, da igreja?
   - Vós levardes, ao hospital de brinquedos, a bola que furou.
   - Vamos ao shopping, padre, e lá, no estacionamento joguemos.
   - Mas o prazer poderá ser quebrado.
   - Não, se for longe dos carros.
   - Mas, murcha, ela não fará mal nenhum.
   - O sol se refletirá, em nossos olhos, dos vidros dos carros.
   - Dobremos os espelhos retrovisores.
   - O espaço é, patrimonial, dos pertences de cada visitante.
   - Caso suma, algo, nos incriminarão.
   - Vamos cantar dentro do shopping?
   - É melhor, vamos.