sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Pouca Farinha - Santa Cruz dos Navegantes.

“Desde então, melhorou muito a vida daqueles nativos que suportavam nuvens de mosquitos pólvora e borrachudo e muitas cobras jararaca e jaracuçu. Pouca Farinha de Pedro Aragão, de seu Lisboa, de Sebastião Higino, Rodrigo Jaguareça, João Moraes, Maneco Barnabé, Benjamin, Sebastião Carrinho, Conceição Sant’Anna, Neuza, Antônio Pedro, Agostinho, Benedita, Enoque, Izaldo e Maneco Furtado, para citar somente alguns dos caiçaras daquela época, moradores daquele amontoado de areia, espremido entre o canal da Barra de Santos e um, então, vicejante manguezal ao fundo.’... ‘Os caiçaras primitivos que lá fincaram estacas cruzavam o canal em embarcações a remo, para, necessariamente, abastecerem-se de víveres na Ponta da Praia, cortar o cabelo no salão do Joaquim, frequentar o baile do Vasquinho em terras de Maneco Praiano e captar água potável em latas numa torneira fronteiriça ao Clube de Regatas Saldanha da Gama, ao lado da padaria do Ferreira (área hoje ocupada pelo edifício Pontal da Barra) ‘ (....) ‘Ainda nos anos 50 os irmãos Rafael e Modesto Roma trouxeram água potável para a Pouca Farinha, encanada desde o estaleiro Namy Jafet (ao lado do ferry-boat), atravessando os rios do Meio e da Missa até um chafariz inaugurado em 31/05/1953, construído próximo ao chalé de madeira da folclórica e carismática Dona Noquinha. Diz a placa comemorativa: ‘Dona Noquinha e moradores desta praia ficam gratos pela valiosa doação dos irmãos Rafael e Modesto Roma. Deram à pobreza a maior riqueza, água.’
‘E veio o tal progresso. Arrumaram um nome ‘politicamente correto’ (...) ‘Praia de Santa Cruz dos Navegantes, e pronto! Hoje de santa a localidade nada herdou. Migrações desordenadas de alienígenas entulharam seus manguezais, enfavelaram suas veredas, exterminaram as cobras, caçaram todos os caranguejos, engaiolaram seus pássaros, dragaram todos os berbigões (sarro de pito) de suas areias naturalmente lodosas, extinguiram o siri azul patola, os guaiamuns, robalinhos, tainhas, paratis e os camarões-ferro, que se criavam nos braços de seus rios de águas férteis e piscosas.’
‘Pouca Farinha dos estaleiros navais de João de Aguiar e da Praticagem. Do Rio da Missa, caminho pluvial natural para os sítios do Atílio (ótima pinga de alambique), Ventura (bananais), Américo e do Icanhema.’” – Nestor Jesus Sant’Anna, em "A Tribuna - jornal.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Uma Santos.


Areia por mar lambida
ao ver-se refletida
faz sentir você sereia
qual uma lua cheia.

A sua graça não é mera
forma da gente enxergá-la,
seduz a primavera
pro verão conquistá-la.

A Cultura perceber,
no lazer ao caminhar,
na beira de seu mar
a fisionomia ver.

Um jardim serpenteado
pra sua areia quentinha,
em verde mediado,
manter a sua linha.

Resultado imanente
o trabalho portuário
dá ganha pão libertário
ao sustentar sua gente.

Viçosa presença
em copas antes verdes -
Ipê Amarelo.

 Ricardo Rutigliano Roque.